A adolescência é uma fase de intensas transformações emocionais, sociais e cognitivas. Nesse período, muitos jovens buscam pertencimento. No entanto, essa busca pode levá-los a comunidades perigosas online — como os fóruns de incels, tema central da série Adolescência, da Netflix.
A produção acompanha a história de um adolescente acusado de assassinato e mostra como esses grupos podem moldar a visão de mundo dos jovens, influenciando pensamentos e comportamentos. Por isso, a série acende um alerta importante sobre os riscos desse tipo de interação.
O psiquiatra Gustavo Estanislau, especialista em saúde mental do Instituto Ame sua Mente, destaca a importância do diálogo e da escuta ativa com os adolescentes. Além disso, mudanças no comportamento e o uso excessivo das redes sociais devem ser acompanhados de perto por famílias, educadores e profissionais de saúde. Desta forma, é possível agir antes que situações mais graves aconteçam.
Racismo, Machismo e antipatriota
A entrada precoce em fóruns incels — onde são comuns discursos de ódio contra mulheres, racismo e rejeição ao Brasil — evidencia como o ambiente digital pode impactar negativamente o desenvolvimento emocional dos adolescentes. Assim, esses espaços acabam se tornando ainda mais perigosos para quem já se sente isolado ou incompreendido.
Por outro lado, pesquisas revelam que muitos jovens da geração Z, que estão justamente passando por essa fase, já compartilham ideias conservadoras e distorcidas sobre o papel das mulheres. Expressões como “masculinismo”, “regra 80/20” e ataques à igualdade de gênero circulam com frequência em vídeos curtos e fóruns fechados. Muitas vezes, esse tipo de conteúdo ganha visibilidade graças a algoritmos que favorecem discursos radicais.
Além disso, frustração e isolamento — sentimentos intensificados durante a pandemia — tornam os adolescentes ainda mais suscetíveis a ideologias extremistas. Por esse motivo, oferecer apoio emocional, fortalecer vínculos e incentivar o pensamento crítico desde cedo são atitudes fundamentais.
Entender os riscos digitais na adolescência é um passo essencial para prevenir danos emocionais e sociais duradouros. Nesse sentido, a série e a análise de especialistas, como Gustavo Estanislau, reforçam a urgência de abordagens mais responsáveis e cuidadosas na promoção da saúde mental dos adolescentes.