Drogas Saborizadas: O Perigo por Trás do Apelo aos Jovens A psicóloga Clarice Madruga, especialista de saúde mental do Instituto Ame Sua Mente, alerta para o para o avanço preocupante do consumo de drogas saborizadas entre adolescentes. Ela explica em entrevista ao Estadão, que substâncias como vapes, “neta” (canetas de maconha) e bebidas alcoólicas doces usam sabores infantis para atrair jovens. Dessa forma, mascaram riscos sérios e pouco conhecidos.

Segundo Clarice, “não importa o sabor, se é doce ou não: é uma substância psicoativa que causa danos muitas vezes irreversíveis, como dificuldades cognitivas, psicoses e até risco suicida.” Ela acrescenta que o uso precoce gera efeitos nocivos e, muitas vezes, irreversíveis. “O uso precoce pode levar a dificuldades cognitivas e emocionais que comprometerão a vida adulta.”

Por que as drogas estão mais “saborosas”?

Hoje, os sabores funcionam como estratégia de mercado. Primeiro, opções como algodão-doce, frutas e baunilha encantam e criam a falsa ideia de inofensividade. Em outras palavras, esses aromas infantis reduzem a percepção de risco e, como consequência, facilitam o início do consumo.

Segundo Clarice, “o adolescente busca pertencimento e aceitação no grupo; por isso, quando o consumo é estimulado pelo meio, ele terá dificuldade em recusar”. Prova disso é que o uso precoce segue em alta: 16,8% dos adolescentes brasileiros já experimentaram cigarros eletrônicos (PeNSE, 2019). Além disso, começar tão cedo aumenta em cinco vezes o risco de dependência na vida adulta.

Como Proteger os Jovens das Drogas Saborizadas?

De acordo com Clarice, a proteção começa pelo diálogo. Ela orienta que o tema não deve ser introduzido precocemente. “Para crianças abaixo dos 12 anos, a abordagem deve ser reativa, esclarecendo dúvidas sem discursos moralistas.”

Após essa primeira conversa, entram em cena alguns fatores essenciais para proteger os jovens. Em primeiro lugar, é preciso manter um diálogo baseado em evidências, explicando de forma clara o que cada substância faz no corpo. Também é importante o apoio emocional, já que fortalecer a autoestima e a autonomia ajuda o adolescente a lidar melhor com pressões externas.

A psicóloga aprofunda essa reflexão ao afirmar que “é nessa fase do desenvolvimento que os jovens mais buscam aprovação do grupo e, justamente por isso, ficam mais vulneráveis a agir de forma controversa ao que gostariam de verdade.”

Neste sentido, desenvolver a assertividade é fundamental, pois é essa habilidade que permite ao jovem dizer “não” quando necessário. Clarice lembra que “a necessidade de pertencimento dita muitas atitudes. Com fortalecimento da autoestima e da identidade, ele começa a dizer ‘não’.”

O papel das políticas públicas em casos como as drogas saborizadas

Clarice reforça que as famílias não conseguem enfrentar o problema sozinhas. “As políticas regulatórias, como fiscalização e taxação, são essenciais para reduzir o acesso e minimizar os danos.”

O perigo pode até vir disfarçado em sabores doces. Mesmo assim, os riscos são reais e crescentes. A proteção dos adolescentes depende de uma ação conjunta entre famílias, educadores e governos. Além disso, exige ambientes seguros, diálogo constante e políticas públicas firmes.

Em resumo, o perigo está nos detalhes: embalagens coloridas e sabores atraentes escondem riscos sérios. Combater esse cenário pede compromisso coletivo.

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