Saúde mental não significa apenas ausência de doença. Na verdade, ela é um estado dinâmico, que envolve sentir, pensar e agir diante dos desafios do dia a dia.
Esse equilíbrio resulta da interação entre habilidades cognitivas, emocionais e comportamentais, em constante diálogo com o ambiente. Também inclui reconhecer e expressar emoções, lidar com adversidades e desempenhar nossos papéis sociais.
Por que saúde mental importa?
A saúde mental atravessa todos os aspectos da vida. Desta forma, ela se conecta ao equilíbrio emocional, à forma de lidar com o estresse e à construção da autoestima. Além disso, afeta diretamente as relações, o desempenho nos estudos e no trabalho. Do mesmo modo, interfere nas decisões, na adaptação a mudanças e até na manutenção de hábitos saudáveis.
Por isso, colocar a mente em primeiro plano não é luxo, mas necessidade. Afinal, uma rotina equilibrada — com descanso de qualidade, movimento do corpo, alimentação saudável e vínculos afetivos — protege a saúde mental e fortalece o desenvolvimento emocional.
Saúde mental e habilidades socioemocionais
Todas as emoções — agradáveis ou não — fazem parte da experiência humana e cumprem um papel adaptativo. No entanto, a expectativa de viver em constante felicidade, somada à tendência de negar os próprios sentimentos, costuma gerar frustração. Por isso, reconhecer, aceitar e aprender a lidar com as emoções mais difíceis é essencial para o equilíbrio da vida.
Nesse processo, as habilidades socioemocionais desempenham papel fundamental. Isso porque elas permitem não só conviver com diferentes estados emocionais, como também superar desafios e recuperar o equilíbrio. Além disso, favorecem relações saudáveis e ampliam a capacidade de participação e contribuição social.
Embora a infância seja um período especialmente fértil para o desenvolvimento dessas competências, a boa notícia é que elas podem ser cultivadas em qualquer fase da vida.
Saúde mental e estigma
O estigma continua sendo um dos maiores obstáculos à saúde mental, pois ainda afasta muitas pessoas do acompanhamento profissional.
Da mesma forma, a falta de informação, as dificuldades de acesso e outras barreiras sociais contribuem para que cerca de 80% dos transtornos mentais não recebam tratamento.
Como resultado, o diagnóstico costuma atrasar, em média, oito anos, o que torna ainda mais importante a atenção precoce e políticas públicas eficazes.
De todo modo é importante lembrar que transtornos mentais não são fraqueza nem drama. Pelo contrário, são condições que envolvem alterações no funcionamento cerebral e podem comprometer habilidades cognitivas e emocionais. Afinal, esses quadros têm causas diversas, que combinam fatores genéticos, sociais e comportamentais.
Fisiologia do cérebro: o que você precisa saber
O cérebro é uma rede formada por bilhões de neurônios que se comunicam por impulsos elétricos e neurotransmissores, por exemplo:
Serotonina: humor, bem-estar e regulação emocional.
Dopamina: motivação, prazer e recompensas.
Cortisol: resposta ao estresse.
Melatonina: sono, energia e recuperação.
Todas as vezes que o cérebro regula pensamentos e comportamentos, seu funcionamento está sendo influenciado por fatores biológicos e sociais. Graças à neuroplasticidade, ele pode se reorganizar e criar novos caminhos por meio da psicoterapia, de hábitos saudáveis e, quando necessário, do uso de medicamentos.
Prevenção: quando algo não vai bem?
Atenção aos sinais é o primeiro passo. Muitas vezes, os sintomas aparecem ainda na infância ou adolescência. Por isso, o acompanhamento precoce é fundamental para restaurar o equilíbrio emocional.
Além disso, também é importante compreender o conceito de espectro. A saúde mental não é estática: ela se distribui ao longo de uma linha que vai da saúde plena ao transtorno mental. Para ilustrar melhor, veja o esquema abaixo.
DESENHO DA PIRAMIDE
Sinais de alerta: quando buscar ajuda
Fique atento a sinais que indicam sofrimento mental. Procure apoio se eles persistirem por semanas e prejudicarem sua rotina:
Sono irregular, fadiga, dores de cabeça, tensão muscular.
Esquecimentos dificuldade de concentração e queda de rendimento.
Irritabilidade e explosões de raiva.
Isolamento, apatia e perda de interesse.
Alterações de apetite e peso.
Desesperança e pensamentos de morte (sinal vermelho).
Olhe para dentro e para o lado. Em outras palavras, preste atenção e ofereça cuidado. Quanto mais cedo, melhor.
Estatísticas e panorama
A saúde mental é um dos maiores desafios da atualidade. Estilo de vida acelerado, excesso de telas, cultura da produtividade, instabilidade econômica e intolerância — como bullying, preconceito e racismo — agravam o cenário.
Além disso, pesquisas recentes mostram um quadro preocupante, que, portanto, exige atenção imediata, ações coletivas e mudanças estruturais.
- Prevalência de transtornos mentais:
26,8% da população brasileira – cerca de 56 milhões de pessoas – convive com transtorno de ansiedade. - Início precoce:
50% dos transtornos mentais começam antes dos 14 anos 75% até os 24 anos. - Em relação à ansiedade, o Brasil lidera o ranking global, com mais de 18 milhões de pessoas afetadas — aproximadamente 9,3% da população
- No que se refere à depressão, 5,8% da população brasileira — cerca de 11,5 milhões de pessoas — sofre com esse transtorno, sendo o maior índice da América Latina.
- Afastamentos do trabalho:
Já os afastamentos do trabalho ligados à questões de saúde mental vêm crescendo de forma acelerada. Só para se ter ideia, em 2024, eles atingiram o maior patamar da última década, com aumento de 67% em comparação a 2023, totalizando quase meio milhão de licenças.
- Classificação global:
No cenário internacional, o Brasil ocupa a 4ª pior colocação no ranking mundial de saúde mental. - Estresse
Por fim, cerca de 34% da população relata estresse e dificuldades emocionais. Entre esses, os jovens com menos de 35 anos aparecem como os mais impactados, evidenciando uma geração particularmente vulnerável.
Saúde mental infantojuvenil
Um em cada sete jovens, entre 10 e 19 anos, convive com algum transtorno mental. Entre eles, os mais comuns são a depressão, a ansiedade e os transtornos de comportamento. Somado a isso, no Brasil, pela primeira vez, os registros de ansiedade entre crianças e adolescentes superaram os de adultos.
Outro dado preocupante: as taxas de suicídio também apontam para uma crescente vulnerabilidade. Entre 2011 e 2022, houve um aumento médio de 6% ao ano, enquanto as notificações de autolesões entre jovens de 10 a 24 anos cresceram ainda mais, 29% ao ano no mesmo período.”
Diante disso, é fundamental que família, escola e sociedade trabalhem juntos para oferecer apoio. Afinal, quanto mais cedo ele chega, maiores são as chances de promover qualidade de vida e desenvolvimento saudável.
Fatores de proteção: cuidados básicos
Cuidar da mente exige consistência e atenção diária. Para prevenir problemas ou apoiar o tratamento, comece pelo básico, ou seja, mantenha hábitos regulares.
Sono: mantenha horários regulares, evite telas à noite e aproveite a luz da manhã.
Movimento: caminhe, alongue-se, dance ou pratique esportes, pois o corpo em ação libera neurotransmissores que regulam o humor.
Alimentação: planeje suas refeições, lembrando que intestino e cérebro estão diretamente conectados.
Conexões humanas: reserve tempo para estar com pessoas queridas.
Pausas e lazer: invista em arte, música, leitura e contato com a natureza para nutrir a mente.
Limites digitais: reduza notificações e crie períodos offline. Assim você garante espaço para o descanso e a atenção plena.
Saúde mental é para todos. Portanto, é possível fortalecer a mente e ajudar a prevenir problemas através de pequenos ajustes no dia a dia.
Além disso, a informação de qualidade é uma das melhores armas contra o preconceito. Por isso, em nosso site, você encontra conteúdos acessíveis, baseados em evidências científicas e apresentados em diferentes formatos.
Saúde mental é vida. 💛 #amesuamente