7 coisas que você não sabe sobre autismo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o Transtorno do Espectro Autista (TEA) como um transtorno do desenvolvimento que afeta a comunicação e o comportamento. Ele pode ser diagnosticado em qualquer idade. O autismo é um espectro. Isso significa que cada pessoa autista vivencia diferentes combinações de características, em diferentes intensidades. Atualmente, estima-se que 1 a cada 68 crianças será diagnosticada com TEA. Além disso, sabe-se que ele é mais comum entre os meninos.

Embora o termo “autismo” tenha sido criado por volta de 1911, foi apenas no final do século XX que o conhecimento sobre o transtorno começou a avançar. Hoje, com mais informação e conscientização, muitas famílias conseguem obter um diagnóstico precoce. Isso permite iniciar ações que favorecem o desenvolvimento das crianças desde cedo.

Ainda assim, o TEA é um transtorno complexo e cheio de nuances. Por isso, novas pesquisas continuam sendo feitas para apoiar as pessoas com autismo e ajudá-las a alcançar seu potencial. No entanto, a falta de informação ainda gera muitos estigmas. Isso preocupa as famílias e contribui para situações de preconceito e bullying.


1. Autismo não é doença

Muita gente ainda acredita que o autismo é uma doença crônica. Por isso, ainda é comum ouvirmos o termo “autista” para se referir a quem tem o transtorno. Porém, essa visão é equivocada. O autismo é uma condição relacionada ao desenvolvimento da pessoa, e não uma enfermidade. Por isso, desde a década de 90 não se usa mais o termo “autista”, mas sim “pessoa com autismo” ou pessoa com transtorno do espectro autista”.

Como não se trata de uma doença, também não devemos falar em cura. O foco deve estar em acolher a criança e buscar estratégias que favoreçam sua adaptação. Após o diagnóstico, o ideal é procurar profissionais especializados e envolver a escola nesse processo. Assim, é possível desenvolver mecanismos adaptativos que apoiem a socialização e o progresso em áreas como fala, aprendizagem e outras habilidades cognitivas.


2. O transtorno não tem características fixas

O autismo possui diferentes graus e se manifesta de diversas formas. Por exemplo, para algumas crianças, pode haver maior dificuldade no desenvolvimento da fala. Para outras o impacto é maior na aprendizagem.

Justamente por não apresentar um padrão único, o diagnóstico pode ser difícil. Algumas crianças mostram sinais logo nos primeiros meses de vida. No entanto, outras se desenvolvem normalmente até certa idade e, por volta dos três anos, começam a perder habilidades cognitivas e sociais já adquiridas.


3. Crianças com autismo podem fugir com frequência

Um comportamento comum entre crianças com autismo é a tendência a fugir de áreas supervisionadas. Isso pode acontecer de forma rápida e inesperada, colocando a criança em risco. Um estudo com 1.218 crianças com TEA mostrou que 49% dos pais relataram que seus filhos já tentaram fugir após os quatro anos de idade. Durante muito tempo, muitos pais se sentiam culpados por não conseguirem evitar essas situações. Hoje, sabe-se que isso é uma característica comum no espectro e que requer estratégias específicas de prevenção.

4. O autismo não interfere na inteligência

O TEA pode afetar algumas habilidades cognitivas e sociais. No entanto, isso não significa que a pessoa com autismo tenha um QI (quociente de inteligência) mais baixo. Na verdade, muitas crianças no espectro apresentam QIs elevados, embora possam ter dificuldade com a linguagem abstrata — que envolve o humor,  a ironia e o duplo sentido.

Por isso, é comum que essas crianças tenham bom desempenho em algumas matérias, mas enfrentem dificuldades sociais, inclusive sendo alvo de bullying. Muitas vezes, elas não compreendem piadas, expressões irônicas ou brincadeiras, o que pode afastá-las dos colegas.

5. A interação social faz diferença no desenvolvimento

O ambiente também impacta o desenvolvimento da criança com TEA. Em uma pesquisa recente, observou-se que os colegas de classe que aprendem a interagir com crianças no espectro ajudam a melhorar suas habilidades sociais — tanto na sala de aula quanto no espaços de recreação.

Esse achado foi surpreendente. Isso porque, antes, muitos especialistas acreditavam que o acompanhamento individual com adultos era mais eficaz. No entanto, o estudo mostrou que o apoio dos colegas pode ser ainda mais poderoso para promover inclusão e aprendizado. A informação é reconfortante para os pais e responsáveis, especialmente aqueles que se angustiam com situações como o isolamento da criança na escola e a falta de amigos.

6. Os sintomas tendem a se atenuar com o tempo

Várias pesquisas já apontam que, com o tempo, muitas pessoas com autismo desenvolvem mecanismos de adaptação. Isso pode suavizar os sintomas e facilitar o convívio social e escolar. Um estudo da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, acompanhou 400 pessoas com TEA — entre crianças e adultos. Os resultados foram positivos: em geral, a maioria mostrou melhora nos sintomas com o passar dos anos. Paul T. Shattuck, um dos autores da pesquisa, explicou que a porcentagem daqueles que melhoraram foi sempre maior do que daqueles que pioraram. Além disso, as mudanças mais significativas nos sintomas foi em direção à melhora, embora houvesse um grupo intermediário que não mostrou nenhuma alteração.

7. A tecnologia tem ajudado bastante

Nos últimos anos, surgiram muitos aplicativos que apoiam o desenvolvimento de crianças com autismo. O app Livox, por exemplo, auxilia pessoas com dificuldades motoras e de comunicação. Já o Matraquinha foi criado para melhorar a comunicação dos pequenos. Além disso, o app Chups tem como objetivo ajudar na escrita.

Essas ferramentas tecnológicas podem ser grandes aliadas no dia a dia. Elas ampliam as possibilidades de comunicação, apoiam a aprendizagem e contribuem para a autonomia das crianças.

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