A escola é um espaço de convivência e trocas constantes. Por isso, professores e alunos lidam o tempo todo com emoções, comportamentos e, claro, questões de saúde mental. Nesse cenário, as habilidades socioemocionais ganham ainda mais importância, pois ajudam a lidar com os desafios do dia a dia. Especialmente no retorno às aulas presenciais, sentimentos como excitação, incerteza, alegria, medo e insegurança estão mais presentes — e misturados — por conta da pandemia da Covid-19, que ainda não acabou.
No entanto, quando falamos sobre saúde mental nas escolas, muitos educadores demonstram desconforto, enquanto outros se sentem despreparados para discutir ou trabalhar o tema. Por isso, antes de entrar no assunto do post de hoje, é importante reforçar: o educador não é psicólogo, mas pode usar ferramentas simples para desenvolver as habilidades socioemocionais dos alunos. Com isso, ajuda crianças e jovens a cuidarem da própria saúde mental com mais responsabilidade e autonomia.
Confira algumas atividades que podem ser aplicadas com diferentes faixas etárias:
Exercitando a empatia
Essa atividade é simples e funciona bem em aulas de interpretação de texto. Proponha a leitura de um conto, poema ou livro que traga algum tipo de conflito. Em seguida, incentive a turma a refletir:
O que os personagens estão sentindo?
O que vocês diriam a eles?
A proposta é ajudar os alunos a prestar atenção nas emoções dos outros. Assim, desenvolvem empatia ao se colocarem no lugar dos personagens.
Estimulando o trabalho em equipe
Sempre que propuser atividades em grupo, incentive os alunos a organizarem a dinâmica por conta própria. Em vez de atribuir funções, peça que decidam juntos quem fará o quê. Dessa forma, aprendem a pensar em equipe, reconhecer diferentes perfis e buscar o melhor resultado.
Essa vivência ajuda a desenvolver habilidades socioemocionais como cooperação, resolução de conflitos e senso de comunidade.
Ensinando a escuta ativa
Saber ouvir é uma habilidade essencial — dentro e fora da escola. E ela pode (e deve) ser ensinada desde cedo. Veja algumas estratégias:
Contato visual: olhar para quem fala ajuda a manter o foco.
Presença: evitar distrações mostra respeito e atenção.
Comunicação não verbal: gestos simples, como balançar a cabeça, sinalizam que estamos ouvindo.
Técnica do espelho: o ouvinte reflete as emoções de quem fala, demonstrando empatia.
Essas práticas podem ser trabalhadas em aulas de teatro, rodas de conversa ou debates a partir de textos.
Ensinando a discordar com respeito
Trabalhar em grupo também envolve lidar com opiniões diferentes. Às vezes, isso pode gerar conflitos. Por isso, é fundamental ensinar os alunos a discordar com respeito.
Frases como “Eu entendi o que você disse, mas poderia explicar melhor como chegou a essa conclusão?” ou “O que você quis dizer exatamente com isso?” incentivam o diálogo e a negociação.
Tanto em debates quanto em outras atividades, habilidades como escutar com atenção e respeitar o outro criam uma base para conversas mais construtivas. Além disso, os alunos aprendem a separar o problema da pessoa. Assim, evitam levar para o lado pessoal e conseguem focar no que realmente precisa ser resolvido.
Ao aprender a discordar com respeito, os estudantes entendem que o problema pode ser discutido sem atacar a pessoa. Essa habilidade é valiosa tanto para os trabalhos em grupo quanto para a convivência na sociedade.
Administrando o estresse
O estresse também faz parte da vida de crianças e adolescentes. Provas, conflitos com colegas e decisões sobre o futuro podem gerar grande pressão. Neste sentido, o professor pode ajudar com algumas estratégias em sala de aula:
Estimular conversas internas positivas;
Ensinar técnicas simples de respiração ou contagem regressiva a partir de 10;
Usar a meditação, com apoio de aplicativos voltados para o público jovem;
Propor o exercício do círculo de controle: dentro do círculo os alunos escrevem as coisas que podem controlar e fora o que não podem controlar, para ajudá-los a aceitar suas limitações e se livrarem da ansiedade.
Incentivar os alunos a lembrar de algo feliz;
Trabalhar com imagens mentais e relaxamento corporal;
Essas práticas ajudam a aliviar a ansiedade e ensinam os alunos a lidar melhor com suas emoções.
A escrita como aliada da saúde mental
No ensino médio, a escrita pode ser uma grande aliada na construção da autoestima e da reflexão sobre saúde mental. Para isso, sugira a elaboração de textos com diferentes temas, por exemplo:
O que influencia a visão de mundo dos adolescentes?
Como a ficção ajuda a entender o mundo real?
O que é um relacionamento saudável para você?
Qual foi a decisão mais difícil que já precisou tomar?
O que uma comunidade pode fazer por você?
Depois, abra espaço para que os alunos compartilhem suas ideias — seja lendo o texto em voz alta ou resumindo os principais pontos para a turma. Esse tipo de troca fortalece vínculos e estimula o respeito mútuo.
Essas são apenas algumas sugestões de atividades para desenvolver habilidades socioemocionais em sala de aula. Com propostas simples e adaptadas à realidade escolar, é possível apoiar os alunos no cuidado com a saúde mental e na construção de relações mais saudáveis.