Uma sala de aula cheia de adolescentes é um ambiente extremamente diverso. Cada estudante sente, pensa e age de maneira única. Por isso, orientar, inspirar e facilitar o aprendizado desses jovens — especialmente os que apresentam comportamentos disruptivos — é um verdadeiro desafio para os educadores.

A impulsividade é uma característica comum da adolescência. Os jovens são inquietos, buscam novos conhecimentos e enfrentam um turbilhão de emoções e sensações. Tudo isso acontece enquanto seu cérebro ainda está em formação.

Embora natural, a impulsividade descontrolada pode se transformar em um padrão de conduta negativa. Isso atrapalha a convivência em sala de aula, prejudica o trabalho do professor e, acima de tudo, dificulta o desenvolvimento do próprio aluno — que muitas vezes também apresenta dificuldades de aprendizado.

Refletir sobre esses comportamentos ajuda a entender quando eles merecem mais atenção. Identificar sinais precoces de possíveis transtornos mentais é um passo importante para a prevenção e o cuidado com a saúde mental dos adolescentes.

Identificando emoções

Jovens com comportamentos disruptivos lidam com uma grande quantidade de emoções, mas, como frequentemente, não conseguem entendê-las, eles usam os recursos disponíveis naquele momento. Por isso, é importante ensiná-los a identificar o que estão sentindo, seja bom ou ruim, para que possam entender porque estão experimentando aquele sentimento. Ou seja, falar sobre emoções estimula a criação de conceitos enquanto os adolescentes as vivenciam, e ajuda a vinculá-las aos acontecimentos, como, por exemplo, ficar alegre por tirar uma nota alta em uma prova ou sentir culpa após magoar um colega.

Adolescentes com comportamentos impulsivos lidam com muitas emoções ao mesmo tempo. No entanto, como ainda não conseguem compreendê-las bem, reagem com os recursos que têm à disposição. Por isso, é essencial ensiná-los a identificar e nomear o que estão sentindo. Ou seja, falar sobre emoções permite que o adolescente conecte o sentimento ao que está vivendo. Por exemplo, ele pode entender que ficou alegre por tirar uma boa nota ou culpado por magoar um colega. E essa conexão fortalece o autoconhecimento.

Todos os sentimentos têm razão de existir. Negá-los prejudica não só a saúde mental, mas também o processo de autoconhecimento. 

 

Tristeza e raiva também ensinam

Entre os sentimentos mais presentes na impulsividade estão a tristeza e a raiva. Ambos são naturais e fazem parte da vida. Mas, se até para os adultos é difícil lidar com eles, imagine para os jovens, que ainda estão construindo seu repertório emocional.

A tristeza nos ajuda a tomar decisões, aprender com as experiências e desenvolver empatia. Quando reconhecemos os motivos de estarmos tristes e o que fazemos quando nos sentimos assim, conseguimos reconhecer a tristeza desproporcional e identificar os gatilhos. Isso favorece o crescimento pessoal e o equilíbrio emocional.

Já a raiva funciona como uma resposta emocional, quando algo não acontece como gostaríamos. Se não for bem administrada, pode prejudicar a qualidade de vida e as relações sociais. Por outro lado, quando canalizada de forma positiva, ela pode gerar mudanças construtivas. Porém, a raiva silenciada pode se transformar em ressentimento, culpa, medo, rejeição e frustração — além de impactar a saúde mental e física.

Quando sentimentos como esses não são compreendidos ou são mal direcionados, o risco de consequências graves, como a autolesão, aumenta. Por isso, o cuidado emocional é essencial.

 

 

Falar sobre emoções fortalece vínculos

O diálogo é a estratégia mais assertiva para promover o desenvolvimento dos  jovens com comportamento disruptivo. A escuta ativa, o entendimento das particularidades e motivos para que ajam de determinada maneira, além do uso de feedbacks construtivos e específicos no lugar de técnicas punitivistas é o caminho. 

 

Falar sobre sentimentos também ajuda os alunos a entenderem o impacto de suas emoções nos outros. Isso melhora a consciência emocional, o autoconhecimento e a qualidade das relações sociais. Além disso, existem maneiras de estimular o cérebro e as emoções positivas, como colecionar boas memórias: cultivar experiências que nos fazem bem, registrar as vivências positivas do dia a dia.  

Outra estratégia importante é praticar o mindfulness. Ao treinar a atenção e perceber o que está acontecendo ao redor — e no próprio corpo — os jovens aprendem a reconhecer suas emoções com mais clareza. Por exemplo, perceber que o mau humor pode estar ligado ao cansaço ou à fome. Essa conexão entre corpo e mente é uma ferramenta valiosa para lidar melhor com os próprios sentimentos.

Observar é o primeiro passo para desenvolver competências socioemocionais. A partir daí conseguimos trabalhar melhor com as emoções. Clique e saiba mais sobre os outros passos da aprendizagem socioemocional.

 

 

Algumas outras atividades podem auxiliar no equilíbrio de emoções, promovendo o relaxamento mental ou a reflexão: ouvir música, ler um livro, escrever, fazer exercícios físicos e conversar. É importante que cada pessoa possa identificar os meios mais eficazes para devolver seu equilíbrio mental.

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