Criatividade também é autocuidado

Nas últimas décadas, o campo da saúde mental tem se interessado, cada vez mais, pela relação entre criatividade e bem-estar emocional. Hoje, já sabemos que atividades simples — como desenhar, escrever, tocar um instrumento, pintar ou até cultivar um jardim — são formas potentes de autocuidado, capazes de gerar efeitos significativos na redução do estresse e da ansiedade.

Além disso, criar — com palavras, imagens, sons ou movimentos — nos ajuda a sair do piloto automático. Isso acontece porque, durante uma atividade criativa, o cérebro acessa estados semelhantes aos induzidos por práticas contemplativas. Como consequência, há uma redução da autocrítica, suspensão de julgamentos e maior foco no momento presente, o que nos afasta do ritmo acelerado e multitarefa do cotidiano.

A ciência também comprova a eficácia da criatividade. Uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, mostrou que as artes desempenham um papel importante na promoção da saúde, assim como na prevenção, manejo e tratamento de doenças ao longo de toda a vida.

Benefícios da criatividade:

Entre os diversos benefícios que as práticas criativas oferecem, destacam-se :

• Em primeiro lugar, a promoção do bem-estar. Atividades criativas estimulam a liberação de neurotransmissores como dopamina e endorfinas. Esses elementos promovem uma sensação de prazer e bem-estar. Além disso, ajudam a reduzir os níveis de cortisol, principal hormônio associado ao estresse.
• Outro benefício importante é a expressão de emoções complexas. As artes permitem que traumas e sentimentos difíceis sejam externalizados e elaborados de forma simbólica. Dessa forma, oferecem um meio não verbal para lidar com emoções que, muitas vezes, não conseguimos expressar em palavras.
• Além disso, há a estimulação neurológica. Ao se envolver em atividades criativas, ativamos áreas do cérebro relacionadas à recompensa e à regulação emocional.
• No campo social, práticas como oficinas, rodas de conversa e encontros criativos também geram benefícios. Elas promovem vínculos, fortalecem redes de apoio e favorecem tanto a interação quanto o senso de pertencimento.
• Em termos de autoconhecimento, a criatividade facilita a exploração pessoal. Com isso, contribui para o fortalecimento da identidade por meio do contato com as emoções. Esse processo também potencializa a empatia, uma vez que nos tornamos mais sensíveis para compreender o que os outros sentem.
• Por fim, vale destacar o impacto na neuroplasticidade. Atividades criativas fortalecem as redes neurais associadas à resiliência emocional. Isso inclui a capacidade de adaptação, aprendizado e enfrentamento dos desafios do dia a dia.

E o mais importante: diferente do que muitos imaginam, não é necessário ter talento artístico ou muito tempo livre para colher os benefícios. Na verdade, a chave está na intenção e na regularidade.

Quer mais criatividade no dia a dia? Confira algumas práticas.

Existem inúmeros exemplos de práticas criativas que podem favorecer o bem-estar emocional. Para começar, a escrita livre e criativa, como blogs pessoais, diários, contos, crônicas e poesias. Também a fotografia autoral permite registrar e reinterpretar o mundo ao redor. Outro caminho possível é o desenho livre –  especialmente em sketchbooks – ou a pintura em tela ou aquarela. Ambos convidam à expressão espontânea e envolve cor, forma e intuição.

Do mesmo modo, atividades manuais como bordado, macramê, tricô ou crochê assim como a customização de roupas ou objetos (upcycling) promovem concentração e relaxamento. Outra sugestão é a escultura com argila, cerâmica ou biscuit, uma vez que ela envolve o contato direto com os materiais e com o corpo. Na cozinha, a culinária criativa — como inventar receitas ou decorar pratos — pode ser uma forma prazerosa de criação. Por fim, o canto e os instrumentos musicais, que extravasam as emoções por meio do som e do ritmo.

Então vamos explorar essa ferramenta para cuidar da mente?

 #amesuamente

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