Desenvolvimento emocional: crianças saudáveis também sentem tristeza, raiva e medo

Quando falamos em desenvolvimento emocional e saúde mental na infância, é importante evitar idealizações. Em outras palavras,  crianças saudáveis também sentem raiva, tristeza e medo — e isso é absolutamente normal.

Todas as emoções têm uma função adaptativa e, por isso, fazem parte de um processo natural do desenvolvimento humano. Nos primeiros anos de vida, no entanto, os pequenos ainda não estão preparados para lidar com essas emoções sozinhos. Diante disso, reconhecer e acolher esses sentimentos torna-se essencial para o fortalecimento dos vínculos e para o desenvolvimento das competências socioemocionais.

O papel dos adultos no desenvolvimento emocional infantil

Desde cedo, as crianças vivenciam emoções intensas. Nessa fase, o papel dos cuidadores não é reprimir esses sentimentos nem induzir a criança a um estado de felicidade constante. Pelo contrário: é essencial escutar com empatia, orientar e fortalecer os vínculos afetivos.

Essa postura contribui para a construção de uma base emocional sólida, favorecendo não apenas o equilíbrio da criança, mas também seu aprendizado gradual sobre como lidar com o que sente de forma mais consciente e saudável.

A importância de nomear sentimentos

Um estudo publicado na revista Frontiers in Psychology revelou que o vocabulário emocional aprendido em casa influencia diretamente a forma como a criança regula suas emoções. Segundo a pesquisadora Nadia Ahufinger, expressar sentimentos com palavras melhora tanto o desenvolvimento emocional quanto a convivência social.

Assim, incentivar a nomeação das emoções desde cedo — e dar o exemplo — contribui para uma cultura familiar de diálogo e compreensão.

 

Acolher emoções também é educar

Frases como “não foi nada” ou “você está chorando à toa”, por mais comuns que sejam, podem invalidar sentimentos legítimos. Com o tempo, isso pode levar a criança a reprimir suas emoções.

Por outro lado, acolher não significa concordar com tudo. Pelo contrário, trata-se de reconhecer o que está sendo sentido e, a partir disso, orientar com firmeza, respeito e empatia. Com esse cuidado, é possível fortalecer a autoestima da criança e, consequentemente, prepará-la para lidar com frustrações de maneira mais saudável ao longo da vida.

 

Por que o afeto é importante para o desenvolvimento emocional?

Apesar de essencial, o afeto ainda é subestimado. Uma pesquisa do IBOPE com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal mostrou que apenas 12% da população brasileira o considera fundamental para o desenvolvimento infantil.

No entanto, ambientes afetivos consistentes ajudam a criança a desenvolver habilidades socioemocinais importantes para a vida. Já a ausência de afeto pode gerar insegurança e baixa autoestima — fatores que aumentam o risco de dificuldades emocionais na adolescência e na vida adulta. 

 

Como apoiar o desenvolvimento emocional das crianças?

Pequenas atitudes cotidianas fazem grande diferença ao longo do tempo. Abaixo, algumas estratégias que ajudam a cultivar a saúde emocional dos pequenos:

Nomeie os sentimentos
Ajude a criança a identificar o que está sentindo. Verbalizar emoções fortalece o vínculo e a compreensão.
Exemplo: “Você ficou bravo porque não conseguiu brincar agora, né?”

Valide as emoções
Reconheça os sentimentos da criança, mesmo que pareçam desproporcionais.
Ex.: “Eu entendo que você ficou triste, e está tudo bem sentir isso.”

Dê o exemplo
Crianças aprendem observando, por isso fale sobre seus sentimentos e como lida com eles.
Ex.: “Fiquei irritado, mas respirei fundo para me acalmar.”

Crie um ambiente seguro
Evite punições excessivas ou críticas duras. Esteja presente com escuta, paciência e orientação.

Cuidar da saúde mental das crianças é permitir que elas vivenciem suas emoções — sem culpa, vergonha ou medo de decepcionar.  Neste contexto, acolher a raiva, o medo ou a  tristeza é fundamental para formar adultos conscientes, empáticos e emocionalmente saudáveis.

Afinal, sentir é humano — e aprender a lidar com os sentimentos é um processo que começa na infância, com o apoio de quem cuida.

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