Transtorno Opositor Desafiador (TOD) afeta crianças e adolescentes

Transtorno Opositor Desafiador (TOD) afeta crianças e adolescentes

Nos últimos anos, muito se tem falado sobre o TDAH. Mesmo assim, o tema ainda levanta muitas dúvidas. O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do desenvolvimento. Ele está relacionado a alterações na maturação do cérebro, especialmente na região do córtex frontal. Essas alterações prejudicam funções executivas importantes, como autorregulação, automonitoramento, planejamento e organização.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a prevalência de TDAH no mundo é estimada em 3% a 8% entre crianças e adolescentes. Entre pessoas acima de 18 anos, a prevalência estimada vai de 2,5% a 3%.

 

Quais são os tipo de TDAH?

Existem três subtipos do transtorno:

  • Predominantemente desatento (20% a 30% dos casos)

  • Predominantemente hiperativo/impulsivo (até 15% dos casos)

  • Combinado (50% a 75% dos casos)

O subtipo desatento ocorre com mais frequência em meninas e costuma afetar mais o desempenho escolar. Já o subtipo combinado costuma gerar prejuízos mais amplos.

Quais são as características desse transtorno?

O TDAH é marcado predominantemente por um comportamento agitado, raciocínio acelerado e dificuldade em manter a motivação em determinadas tarefas. Isso pode resultar em problemas de memória, concentração e atenção.

As características do TDAH  podem ser divididas em três áreas:

  • Emocionais: por exemplo, imaturidade psicológica, dificuldade de controle das emoções, baixa autoestima, oscilações de humor;
  • Cognitivas: pouca habilidade para resolução de problemas e baixa capacidade de autoavaliação e automonitoramento;
  • Comportamentais: impulsividade, irritabilidade, impaciência e inquietação.

Quais são as causas do TDAH?

O transtorno tem origem multifatorial. Fatores genéticos explicam cerca de 77% dos casos. Estudos também mostram que o tabagismo, ingestão de álcool ou drogas durante a gestação, além da prematuridade no nascimento podem aumentar o risco de TDAH nas crianças.

Embora os sintomas geralmente surjam na infância ou adolescência, alguns casos só são identificados na vida adulta. Isso pode ocorrer por falta de acesso a uma avaliação anterior, por desconhecimento do transtorno ou por uma exposição tardia a atividades que revelam os sintomas.

Quais são os impactos do TDAH?

Os prejuízos variam bastante. Muitas vezes, envolvem excesso de energia, falta de foco, baixa motivação e impulsividade. Isso pode dificultar a conclusão de tarefas e projetos, aumentar o envolvimento com situações de risco e causar instabilidade no comportamento.

Esses desafios afetam tanto a vida acadêmica quanto a profissional. Além disso, as alterações emocionais costumam atrapalhar os relacionamentos interpessoais.

A importância do diagnóstico correto 

“O TDAH é uma condição bem estudada e reconhecida pela comunidade médica. Ainda assim, há quem questione seu diagnóstico”, afirma o psiquiatra Gustavo Estanislau, especialista do Instituto Ame Sua Mente. O diagnóstico deve partir de uma avaliação cuidadosa da história e do comportamento da criança ou adolescente. Essa análise leva em conta a intensidade e a duração dos sintomas (mínimo de seis meses), os prejuízos causados e a presença dos sinais em mais de um ambiente.

Porém, muitos indivíduos com TDAH não recebem o diagnóstico adequado. Outros, por sua vez, recebem diagnósticos incorretos — ou se autodiagnosticam. Nessas situações, a pessoa pode iniciar um tratamento medicamentoso sem necessidade. Por outro lado, quando a criança não recebe o diagnóstico a tempo, o quadro pode se agravar, dificultando o desenvolvimento do seu potencial.

Além disso, as comorbidades – situações em que dois ou mais transtornos ocorrem simultaneamente –  também podem dificultar o diagnóstico, dado que transtornos diferentes podem apresentar sintomas parecidos. 

 

“Através do diagnóstico e do tratamento adequados, a pessoa costuma apresentar melhora no rendimento escolar, na vida social e no clima familiar.    A demora no diagnóstico pode tanto trazer prejuízos nessas áreas, quanto provocar queda na autoestima, dificuldade de inserção no mercado de trabalho, entre outros problemas que tendem a se manifestar ao longo da vida”, explica Gustavo.

 

O tratamento funciona?

Sim. Com o tratamento adequado, os sintomas tendem a melhorar. “A pessoa costuma ter ganhos importantes no desempenho escolar, nos relacionamentos e na convivência familiar”, explica o psiquiatra Gustavo Estanislau.

O tratamento ideal combina psicoterapia com outros apoios psicossociais, como:

  • Terapia ocupacional

  • Psicopedagogia

  • Fonoaudiologia

  • Orientação para pais e professores

Com o tempo, a região frontal do cérebro amadurece, o que pode reduzir os sintomas de hiperatividade. Mesmo assim, cerca de 50% das pessoas continuam apresentando sinais do transtorno na vida adulta. Por isso, o acompanhamento contínuo é fundamental para manter a qualidade de vida.

Já, em alguns casos, é indicado o uso de medicamentos. Eles aumentam a disponibilidade de dopamina no córtex frontal, melhorando a concentração, a motivação e o autocontrole. 

É comum haver uma redução significativa dos sintomas de hiperatividade à medida que a região frontal do cérebro se desenvolve com o passar dos anos. Contudo, cerca de 50% das pessoas ainda seguem apresentando os sintomas do TDAH ao longo da vida. Desta forma, nos casos em que os sintomas persistem, é importante seguir com o acompanhamento profissional para o controle e a preservação da qualidade de vida.  

TDAH e a escola: uma relação que precisa de atenção

Por atingir muitas crianças e adolescentes, o TDAH precisa ser mais bem compreendido no ambiente escolar. O primeiro passo é reconhecer que o comportamento agitado da criança tem causas biológicas — e não é uma forma de provocar ou de chamar atenção.

Da mesma forma, a falta de foco não é negligência ou preguiça, mas uma dificuldade de motivação para executar certas tarefas.  Ou seja, isso significa que repreensões não costumam funcionar, pois a criança não tem total controle sobre suas reações.

Algumas estratégias práticas ajudam muito no dia a dia escolar. Por exemplo:

  • Permitir que a criança se movimente mais durante a aula

  • Oferecer pausas regulares

  • Acompanhar sinais de desmotivação

  • Reforçar comportamentos positivos com elogios

É natural que esses problemas se repitam mesmo após uma repreensão, já que a criança não tem pleno controle sobre as suas reações. Dentre as dicas práticas para lidar com crianças com TDAH em sala de aula, oferecer a elas um pouco mais de liberdade é fundamental. Por exemplo, o estudante pode ser autorizado a se movimentar um pouco mais em sua carteira ou se levantar em intervalos razoáveis para liberar um pouco a energia contida.

É importante também acompanhar de perto as crianças, para detectar quedas de motivação ou também identificar e elogiar comportamentos positivos. 

Quer saber mais?

Para aprofundar o tema, acesse o podcast do Instituto Ame Sua Mente. Nele, Ana Carolina D’Agostini conversa com o psiquiatra Gustavo Estanislau sobre dúvidas frequentes a respeito do TDAH.

Aqui no Instituto, temos o compromisso de desmistificar a saúde mental. Nosso objetivo é levar conhecimento científico de forma acessível, para que mais pessoas falem sobre o tema com naturalidade.

Acesse o nosso site e confira os conteúdos gratuitos disponíveis em diversos formatos.

Criar uma nova cultura em saúde mental é urgente e acreditamos que o ambiente escolar é chave nessa transformação, por isso temos diferentes projetos com o propósito de promover a saúde mental nas escolas. 

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