
O fenômeno da adultização precoce de crianças e adolescentes na internet ganhou destaque nacional. Isso ocorreu após o youtuber Felca denunciar o caso do influenciador Hytalo Santos.
O vídeo, que ultrapassou 26 milhões de visualizações em poucos dias, expôs práticas preocupantes de conteúdo adultizado. Como exemplo podemos citar a participação de menores em reality shows com temáticas adultas, além da exposição dessas crianças e adolescentes a danças sugestivas e situações de erotização precoce.
Segundo a psicóloga Ana Carolina D’Agostini, especialista em saúde mental do Instituto Ame Sua Mente, a internet pode se transformar em um território de riscos invisíveis. Isso porque os perigos nem sempre aparecem em conteúdos explicitamente abusivos, mas também se escondem em interações aparentemente inofensivas.
De acordo com a especialista, crianças expostas sem proteção adequada tornam-se especialmente vulneráveis a abordagens manipuladoras, exploração sexual digital e pressões sociais para corresponder a padrões adultos antes do tempo. Além disso, os algoritmos das redes sociais frequentemente reforçam esses padrões nocivos. Assim, acabam criando um ciclo contínuo de exposição e vulnerabilidade.
Enquanto isso, o Ministério Público da Paraíba e o Ministério Público do Trabalho já iniciaram investigações sobre possíveis violações ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Embora o influenciador alegue ter o consentimento das mães dos adolescentes envolvidos, as autoridades questionam se essa autorização é realmente válida quando o conteúdo pode gerar danos psicológicos e sociais.
Adultização na internet X proteção da infância
Para Ana Carolina D’Agostini, é urgente adotar medidas de proteção coletiva. Isso inclui leis mais específicas e eficazes, além do monitoramento constante das plataformas. Também é essencial garantir controles rigorosos de privacidade.
Além disso, é fundamental promover o diálogo. Famílias, educadores e empresas de tecnologia precisam atuar juntas para proteger crianças e adolescentes. “Proteger a infância é um dever compartilhado. O silêncio diante dos crimes virtuais jamais pode ser uma opção”, reforça a psicóloga.
Dessa forma, o caso ultrapassou as redes e chegou ao Congresso Nacional. O presidente da Câmara dos Deputados se comprometeu a pautar o tema, o que evidencia a urgência de uma regulamentação mais rigorosa.
Somente com políticas claras e ação conjunta será possível tornar o ambiente digital realmente seguro. Assim, poderemos garantir que ele seja um espaço de crescimento, aprendizado e proteção para as novas gerações.
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