A tecnologia acelerou nossa rotina como nunca antes na história. No entanto, essa transformação traz consequências importantes que precisamos observar com atenção. No Brasil, por exemplo, passamos cerca de 9 horas e meia por dia em frente às telas. Esse número está bem acima da média mundial, que é de 6 horas e meia, conforme apontou uma pesquisa do site ElectronicsHub, divulgada em abril de 2023.
Apesar de as ferramentas digitais nos ajudarem a ganhar tempo, muitas vezes utilizamos esse “tempo extra” apenas para produzir mais. Consequentemente, nos vemos soterrados por tarefas, prazos e a ilusão de que ser multitarefa é sinal de eficiência.
Na prática, essa lógica nos empurra para uma armadilha que compromete seriamente a saúde mental. De um lado, a hiperconectividade facilita o contato com outras pessoas. Por outro lado, ela sobrecarrega nossa mente e nossas emoções. Isso porque, ao receber estímulos constantes, nossa mente não consegue processá-los de forma saudável. Desta forma, as notificações ininterruptas nos deixam com a sensação de que estamos sempre atrasados ou devendo alguma coisa.
Esse bombardeio de informações dificulta a concentração, rouba nossa presença e enfraquece a capacidade de apreciar o agora. Além disso, o estado constante de alerta e a sobrecarga mental comprometem a autorregulação emocional. Com o tempo, isso pode favorecer o surgimento de transtornos mentais.
Além do sofrimento emocional, a hiperconectividade impacta fatores cognitivos importantes, como queda de rendimento no trabalho ou nos estudos. Portanto, refletir sobre o uso das tecnologias e seus efeitos tornou-se urgente. Afinal, viver bem exige presença, limites e escolhas conscientes.
A Relatividade do Tempo e o impacto emocional
Nossa percepção do tempo é subjetiva e está profundamente ligada ao nosso estado emocional.
Por um lado, a maneira como nos relacionamos com o tempo e com o mundo tende a elevar a ansiedade. Por outro, quando a ansiedade se intensifica, ela distorce a percepção do tempo e dificulta o aproveitamento do presente. Nesse desequilíbrio, surge um senso de urgência constante. Desta forma, a mente se projeta para o futuro, gerando preocupações excessivas e a sensação de que não vamos “dar conta”.
Tudo isso contribui para que percamos de vista o que realmente importa: a qualidade dos momentos que vivenciamos. Embora o lugar ideal seja aqui e o tempo seja o agora, nosso estilo de vida frequentemente leva a mente para outros lugares.
Não por acaso, quase 10% da população brasileira convive com algum transtorno de ansiedade, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Saiba mais sobre as causas, sinais e tratamentos na matéria do blog sobre o tema.
Para combater esses sintomas da sociedade moderna, a prática da atenção plena se torna uma aliada poderosa, ajudando-nos a nos ancorar no agora e a valorizar as experiências cotidianas.
Felizmente, há estratégias eficazes para combater os sintomas da vida moderna. Uma delas é a prática da atenção plena. Ela ajuda a nos ancorar no presente, trazendo mais consciência e valor para as experiências do dia a dia.
Quer experimentar? Em nosso podcast.você encontra uma prática guiada de atenção plena para iniciar esse cuidado com você.
Priorizar o próprio bem-estar é essencial, inclusive, para garantir a produtividade. O equilíbrio entre as diferentes dimensões da vida, assim como, entre o trabalho e o descanso é essencial para preservarmos a saúde mental.
Todos sabemos que os desafios do dia a dia são grandes e a cultura da produtividade glorifica o “estar sempre ocupado”. No entanto, é hora de questionar essa narrativa. Precisamos conduzir nossos pensamentos, atitudes e decisões com mais consciência e foco na qualidade de vida.
Afinal, a mente não funciona bem sob pressão constante. Ela precisa de pausas para processar aprendizados, consolidar memórias e manter sua plena atividade. Portanto, . cuidar do seu tempo de descanso é também uma forma inteligente de sustentar seu desempenho e bem-estar. Clique e descubra as diversas formas de descanso .
Descansar não é perda de tempo
Vale lembrar que o ócio e o lazer têm um papel fundamental no bem-estar. Isso vale tanto para adultos quanto para as crianças. Aliás, muitas vezes, as rotinas infantis são tão cheias de compromissos quanto as dos adultos. Por isso, é essencial garantir tempo livre para o brincar espontâneo e para momentos sem obrigação.Essas pausas favorecem o desenvolvimento da criatividade, além de estimular o pensamento crítico desde cedo.
Ao priorizarmos esses momentos, também incentivamos a descoberta de interesses e habilidades próprias. Consequentemente, esse espaço contribui para o fortalecimento da autoestima e das competências socioemocionais. Ou seja, brincar e descansar não são perda de tempo. Acompanhe o videocast sobre o assunto e entenda o papel central dessas habilidades em nossas vidas.
Autoconhecimento e o tempo
O primeiro passo para navegar por esse contexto complexo é o autoconhecimento. Precisamos entender o que nos traz satisfação e significado, aprendendo a gerenciar nosso tempo de acordo com esses valores. Perceber nossas emoções é ponto chave para termos uma visão mais clara da forma como somos influenciados e reagimos aos estímulos externos. Mas, essa visão é ainda mais importante quando fechamos os olhos e nos voltamos para dentro. É importante cultivarmos um olhar empático com o nosso próprio processo de transformação. Assim como compreendemos e respeitamos os ciclos da natureza, devemos respeitar o ritmo de aprendizado e evolução de cada um. A autocobrança excessiva pode prejudicar nossa capacidade de lidar com os desafios da vida e a manutenção de relações saudáveis.
Refletir sobre a nossa relação com o tempo traz luz a diversos aspectos essenciais para viver bem. Quando colocamos intenção em valorizar e melhorar a qualidade das nossas experiências diárias, não apenas transformamos nossas vidas, como também influenciamos positivamente quem nos cerca.