O episódio do podcast Replago contou com a participação da psicóloga e pedagoga Ana Carolina D’Agostini, especialista em saúde mental do Instituto Ame Sua Mente, para discutir um tema urgente: bullying e cyberbullying.
Entendendo o que é Bullying e cyberbullying
De maneira geral, bullying é uma forma de intimidação intencional, repetida e com desequilíbrio de poder.
Ele pode ser físico (agressões, empurrões) ou psicológico (humilhações, apelidos pejorativos, perseguição, exclusão).
Já o cyberbullying amplia o problema para o ambiente digital. Por isso, ele alcança plateias maiores, pode ocorrer em qualquer momento, e frequentemente envolve anonimato. Além disso, deixa rastros que reativam a dor e dificultam o esquecimento.
Nesse cenário, é fundamental ficar atento a mudanças de comportamento e de rotina de crianças e adolescentes. Alguns sinais comuns incluem: recusa em ir à escola, queixas somáticas (como dores de cabeça ou abdominais) sem causa médica aparente, queda no rendimento, isolamento em atividades de grupo e quietude incomum ou irritabilidade. Observar esses sinais, portanto, é o primeiro passo para prevenir o agravamento do sofrimento emocional.
Bullying e cyberbullying: como acolher?
Acolher é diferente de resolver pelo outro. A principal recomendação é a escuta genuína. Evite minimizar (“isso é brincadeira”) e também evite agir por impulso (“vou agora ligar para a escola”). Afinal, atitudes precipitadas podem reforçar a sensação de impotência.
Em situações de bullying e cyberbullying, combine com a criança ou o adolescente quais passos seguir. Assim, ela mantém o protagonismo e, ao mesmo tempo, entende que há adultos confiáveis por perto.
No caso específico do cyberbullying, registre evidências (prints, links, datas) e ajuste as configurações de privacidade. Em seguida, bloqueie e denuncie os conteúdos nas plataformas. Combine também com a criança ou o adolescente passos concretos: não reagir no calor do momento, evitar provocações e procurar um adulto de confiança. Por fim, se necessário, acione a escola.
Além do alvo e do autor, existe a plateia — quem presencia, compartilha ou silencia. Fortalecer os espectadores é uma estratégia-chave. Isso porque, ensinar quando e como pedir ajuda (a monitores, professores, coordenação ou responsáveis) transforma o ambiente escolar.
Quando procurar ajuda especializada
Agora, se os sinais persistirem, se houver sofrimento intenso ou risco real (como ideação suicida, automutilação ou retraimento severo), é hora de procurar ajuda. O atendimento psicológico — e, quando indicado, psiquiátrico — favorece a recuperação e fortalece as habilidades socioemocionais.
Vale lembrar: o comportamento agressor também pode ser um pedido de ajuda. Muitas vezes, ele reflete dores não elaboradas, contextos de violência ou busca por validação. Por isso, trabalhar com o autor é parte da solução. Neste sentido, a responsabilização, a reparação e o desenvolvimento de empatia são fundamentais. Punir sem restaurar, ao contrário, tende a deslocar o problema — não a resolvê-lo.







