Somos quase 8 bilhões de pessoas no mundo — e cada uma tem uma personalidade única. Essa singularidade não é por acaso. Nossa estrutura emocional é moldada por muitos fatores, como genética, relações familiares e experiências sociais, especialmente nas primeiras fases da vida.  Em outras palavras, o modo de criação,  as vivências no ambiente escolar e o tipo de vínculo desenvolvido com os adultos impactam diretamente a forma de ver o mundo. Todos esses elementos influenciam o desenvolvimento das crianças e dos jovens, ao longo dos anos.

Genética e personalidade

Um estudo publicado em 2018 na revista científica Nature, chamado Uncovering the complex genetics of human character estimou que  30% a 60% das características da personalidade são hereditárias. Ou seja, podem ser transmitidas de uma geração para outra através do nosso código genético. Os pesquisadores encontraram genes associados à extroversão, agressividade e até à depressão.

Ainda assim, é importante lembrar: essa herança biológica não é uma sentença. Ela apenas estabelece uma “tendência” que sofre influência dos fatores externos. Um bom exemplo disso são os gêmeos idênticos, que apesar do mesmo DNA, podem ter personalidades bastante diferentes.

Veja como alguns desses componentes externos afetam o desenvolvimento emocional e psicológico das crianças. 

Parentalidade: o papel da criação

A forma como cuidamos de uma criança — conhecida como estilo parental — tem grande impacto sobre o seu desenvolvimento emocional. São as atitudes dos pais ou responsáveis no dia a dia que ajudam a construir uma base afetiva sólida.

Os estilos parentais são o conjunto de atividades de criação desempenhadas pelos adultos responsáveis por uma criança, visando assegurar sua sobrevivência, seu desenvolvimento pleno e uma estrutura emocional equilibrada.

Não há uma “receita de bolo” para criar os filhos, mas existem quatro estilos principais de parentalidade, que foram definidos pela psicóloga e pesquisadora americana Diana Baumrind. Cada um varia conforme o nível de exigência e o grau da responsividade, ou seja, a forma como os adultos adaptam sua conduta de acordo com o comportamento da criança.

O balanço entre esses dois fatores influencia diretamente o comportamento e a personalidade dos pequenos. Conheça cada um deles:acolhimento dos adultos em relação às crianças. O equilíbrio entre esses dois fatores faz toda a diferença.

Confira os principais estilos de criação:
  • Autoritário: baseado em regras rígidas, altas expectativas e pouco afeto, sem responsividade dos pais ou cuidadores; Geralmente, esse modelo prejudica a autoestima e pode gerar adultos inseguros.

  • Indulgente: gira em torno de excesso de carinho e mimo, mas sem regras, limites ou exigências; Esse tipo de criação pode gerar adultos egocêntricos com poucas habilidades sociais.

  • Negligente: é marcado pela ausência dos responsáveis, deixando a criança se criar praticamente sozinha. Neste caso, não há responsividade, nem exigência; Extremamente prejudicial à saúde mental, é o estilo mais relacionado ao desenvolvimento de problemas sociais, emocionais e comportamentais  ao longo da vida.

  • Participativo (ou autoritativo): é o modelo mais equilibrado. Há afeto, diálogo e regras claras, ajustadas ao perfil da criança. A parentalidade autoritativa desenvolve a capacidade de regulação emocional da criança ou jovem.

É comum que as criações flutuem entre os estilos. Por isso, é essencial que os adultos observem seus padrões de comportamento e estejam abertos a repensar a forma como se relacionam com as crianças.

Quer saber mais sobre parentalidade? Veja as dicas da especialista em saúde mental do Instituto Ame sua Mente, Clarice Madruga, clicando aqui.

 

Desenvolvimento infantil: a comunidade como espaço de aprendizagem

Outro ponto essencial para o desenvolvimento emocional é a convivência social. Segundo o psicólogo Lev Vygotsky, que desenvolveu a Teoria das Interações Sociais, é através delas que aprendemos, aprimoramos nossas estruturas mentais e adquirimos competências socioemocionais.

Sofremos influência direta do contexto social no qual estamos inseridos, sendo o ambiente escolar, geralmente, responsável pelas primeiras interações de uma criança com a comunidade ao seu redor. É ali que ela aprende a identificar sentimentos e adquire noções de respeito ao próximo, empatia e generosidade. Assim, constroem sua própria identidade, desenvolvendo uma maneira única de pensar e agir.

Além disso, o brincar tem um papel central nessa fase. É por meio das brincadeiras que a criança se expressa, observa o mundo e desenvolve sua saúde mental.  As amizades também são fundamentais nesse processo. Os amigos são uma espécie de agentes socializadores, pois é a partir deles que a criança passa a compartilhar suas experiências, a testar limites e a aprender com grupo. Para eles, esse convívio oferece suporte emocional e cria laços de pertencimento.

Por isso, entender como esses diferentes fatores contribuem para a formação da personalidade pode ajudar pais, educadores e cuidadores a apoiar, de forma mais consciente, o desenvolvimento de crianças e adolescentes.

 

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