Além do desafio imenso de perder alguém querido, ao longo da vida também enfrentamos outras perdas significativas. A demissão de um emprego, a morte de um animal de estimação, o fim de um relacionamento ou a mudança de cidade ou país são exemplos comuns. Cada uma dessas situações pode afetar nossa saúde mental e exige que a gente lide com a ausência e aprenda a se adaptar. Esse processo envolve luto e transformação.
Chamamos de luto o conjunto de sentimentos e reações que surgem após uma perda. Nesses momentos, é comum sentir tristeza, raiva, culpa, confusão, vazio ou desamparo. São emoções difíceis, mas naturais.
Em meio à corrida constante pela felicidade e por soluções milagrosas para o sofrimento, quase não sobra espaço para vivenciar o luto. Muitas vezes, sentimos pressão para “ficar bem” logo. No entanto, é fundamental lembrar: o luto é imprevisível — e necessário.
Não existe uma sequência certa de etapas, nem uma forma correta de viver esse processo. Cada pessoa sente e reage de maneira diferente. É normal ter altos e baixos, avanços e retrocessos. Por isso, o luto é uma jornada individual, que pede tempo, paciência e apoio.
A importância do sentir o luto
Aceitar sentimentos desagradáveis faz bem para a saúde mental. Quando reconhecemos o que estamos sentindo, desenvolvemos autoconhecimento e, com o tempo, conseguimos aceitar melhor a situação. Negar o que sentimos, por outro lado, tende a prolongar o sofrimento.
Mas vivemos em um mundo imediatista e cercado de positividade tóxica. Há pouco espaço para a dor. Muitas vezes, julgamos ou tentamos resolver tudo rapidamente. Nesse contexto, os momentos de pesar se tornam ainda mais angustiantes — já que não nos permitimos sentir.
Esquecemos que a solução está em olhar para dentro. É preciso prestar atenção às nossas emoções e viver o momento presente com consciência. Só assim conseguimos, de fato, elaborar o que estamos vivendo. Em tempos de redes sociais, excesso de informação e mensagens instantâneas, esse olhar interno se torna ainda mais necessário. Parar, sentir e respeitar nossos limites é um ato de cuidado.
A força da rede de apoio
Falar com amigos ou familiares sobre como você está se sentindo pode ser reconfortante. Pedir ajuda é um passo importante para lidar com o estresse e dar espaço para a elaboração emocional. Uma rede de apoio também pode ajudar com tarefas práticas, aliviar compromissos e permitir momentos de descanso.
Mesmo sem vontade, procure usar essa rede para cuidar do básico: sono, alimentação e atividade física. Esses três pilares ajudam a manter o equilíbrio emocional. Mas atenção: se a dor e a tristeza começarem a afetar seu dia a dia — no trabalho, nas relações ou nas tarefas cotidianas — é hora de buscar ajuda profissional.
E as crianças, como vivem o luto?
Crianças nem sempre conseguem expressar seus sentimentos com palavras. Muitas vezes, elas demonstram o que estão sentindo por meio do comportamento. Por isso, é fundamental acolher essas reações com respeito, sem julgamentos.
Evite frases como “você precisa ser forte” ou “não precisa chorar”. Elas podem gerar confusão, medo, explosões de raiva ou comportamentos regressivos. Também não adianta dizer “está tudo bem” se a realidade mostra o contrário.
O ideal é responder com honestidade, sempre adaptando a explicação à idade e à capacidade de compreensão da criança. Compartilhar sentimentos em família e usar recursos como desenhos, histórias ou escrita pode ser muito útil. E lembre-se: quando os adultos reconhecem e nomeiam suas emoções, ajudam as crianças a elaborar suas próprias perdas com mais segurança.
“A dor é suportável quando conseguimos acreditar que ela terá fim e não quando fingimos que ela não existe.”
Allá Bozarth Campbell
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Cuidar da mente é cuidar da gente! #amesuamente