Ansiedade: amiga ou vilã?

A ansiedade faz parte de um mecanismo de defesa criado pelo cérebro ao longo de milhares de anos. Ela é ativada por uma série de estruturas neurológicas conhecidas como “rede do medo”. Desde a infância até a vida adulta, todos vivenciamos momentos que despertam nossos instintos de sobrevivência. Mas afinal, a ansiedade é amiga ou vilã?

A resposta depende do contexto. Em muitos casos, ela nos ajuda a antecipar riscos e a planejar como lidar com possíveis ameaças. Quando bem direcionada, pode ser uma aliada, contribuindo para estratégias criativas e soluções eficientes.

Além disso, é comum — e até positiva — em momentos que antecedem eventos importantes. Por exemplo, uma viagem, uma apresentação, o nascimento de um filho ou uma festa especial. Nessas situações, respirar fundo e focar no lado positivo costuma ser suficiente para controlar o famoso frio na barriga.

Ansiedade: um problema de saúde pública

Apesar de natural em certas doses, a ansiedade pode se tornar um transtorno. Desde 2017, o Brasil lidera o ranking mundial da Organização Mundial da Saúde (OMS), com quase 10% da população ansiosa. Em 2019, mais de 19 milhões de brasileiros já enfrentavam esse desafio. Globalmente, 264 milhões de pessoas sofrem com transtornos de ansiedade.

Com a pandemia, os números cresceram ainda mais. Segundo o Ministério da Saúde, 86,5% dos participantes de uma pesquisa sobre saúde mental relataram sintomas de ansiedade. Esses dados reforçam a urgência de políticas públicas voltadas ao cuidado emocional.

Além de afetar a qualidade de vida, os transtornos de ansiedade geram impactos sociais e econômicos. Nas Américas, eles são responsáveis por mais de um terço dos casos de incapacidade. De acordo com um relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a ansiedade e a depressão estão no topo da lista de doenças incapacitantes. A OMS ainda estima que, no mundo, os transtornos mentais causam uma perda econômica anual de US$ 1 trilhão.

O quadro se agrava quando se considera que a ansiedade pode desencadear outras doenças crônicas, como alterações de humor, problemas respiratórios, cardiovasculares, artrite e até diabetes. Por isso, é essencial entender que a ansiedade tem múltiplas formas e afeta cada pessoa de maneira única.

Afinal, sentir ansiedade é bom ou ruim?

Depende do impacto na vida da pessoa. A ansiedade é uma emoção humana, mas, quando excessiva, pode ser paralisante. Em casos extremos, ela deixa de ser um recurso da mente e passa a dominar o cotidiano. Nessas situações, o acompanhamento profissional é fundamental.

Como explica o psiquiatra Gustavo Estanislau, do Instituto Ame Sua Mente:

A ansiedade passa a ser um problema quando começamos a apresentar prejuízos. Uma pessoa ansiosa pode sofrer com antecedência por situações que não deveriam ser tão angustiantes, e até se esquivar de experiências que antes eram positivas.” 

Vale lembrar que a vida moderna impõe muitos estímulos. O consumo excessivo de álcool e cafeína também pode alterar a química cerebral e intensificar os sintomas. Além disso, algumas doenças ou eventos traumáticos funcionam como gatilhos para o transtorno de ansiedade generalizada.

Apesar disso, é possível manter a ansiedade em níveis saudáveis. Práticas como meditação, mindfulness, exercícios físicos, alimentação equilibrada e o convívio com animais de estimação ajudam no controle emocional. A psicoterapia também é essencial. Ela permite identificar gatilhos e desenvolver estratégias para lidar com a ansiedade — e até transformá-la em uma força positiva.

Conheça os transtornos de ansiedade mais frequentes:

• TAG (transtorno de ansiedade generalizada)
É o mais comum e prevalente. O quadro é composto por “preocupação excessiva ou expectativa apreensiva”, persistente e de difícil controle, que perdura por seis meses e vem acompanhado por ao menos três dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono.

• Transtorno de ansiedade social
Com enorme impacto na vida dos pacientes, está relacionado a ocasiões sociais. A principal característica é um medo incapacitante de qualquer situação que envolva estar em público. Aos poucos, vai gerando um importante isolamento e está diretamente conectado a quadros de depressão.

• Fobia específica
Compreende problemas caracterizados pelo medo exagerado em relação a objetos, animais ou situações particulares, desproporcional ao perigo real. Pode ser amena, mas, em casos graves chega a prejudicar o funcionamento social ou ocupacional. Os mais comuns são medo de animais (um específico ou vários), de altura, de agulhas e de tempestades. Em geral, as pessoas com fobia específica reconhecem que seu medo é irracional e excessivo, mas são incapazes de controlar o que sentem..

• Síndrome do pânico
A principal característica é a ocorrência repentina, inesperada e inexplicável de crises agudas. Os picos de ansiedade, apesar de terem curta duração, vêm acompanhados por muito medo e desespero, além de sintomas físicos e emocionais aterrorizantes. Muitos pacientes contam que, durante o ataque de pânico, tiveram a nítida sensação de que iriam morrer ou enlouquecer. Entre os sintomas comuns durante a crise estão taquicardia, palpitações e a impressão de que se está tendo um infarto, sensação de falta de ar e sufocamento, náusea, tontura e vertigem.

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