Depressão: o que é, quais são os sintomas e os tratamentos

Depressão: o que é, quais são os sintomas e os tratamentos

Entre os diversos temas relacionados à saúde mental, a depressão é um dos mais conhecidos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas no mundo convivem com esse transtorno. Vale lembrar que os sintomas podem surgir em qualquer fase da vida e, quando não recebem tratamento adequado, tendem a se repetir.

Embora a sociedade já tenha certa noção do que é a depressão, entendê-la de forma clara é essencial para enfrentá-la com mais assertividade. Trata-se de um transtorno mental caracterizado, na maioria dos casos, por humor persistentemente deprimido e pela perda de interesse em atividades do dia a dia.

Muitas pessoas confundem tristeza com depressão. “A tristeza é uma emoção passageira, que costuma desaparecer quando cuidamos do que a causa. Por outro lado, na depressão, os sintomas não desaparecem com o tempo”, explica a psicóloga Ana Carolina D’Agostini, especialista do Instituto Ame Sua Mente.

Segundo a psicóloga, as consequências emocionais e psicológicas vêm acompanhadas de alterações físicas e cognitivas. “Para caracterizar o quadro, os sintomas precisam apresentar intensidade, duração e prejuízo significativos para a vida da pessoa.”, diz.

Sinais e sintomas da depressão

Quem convive com a depressão costuma relatar perda de prazer em atividades antes agradáveis, muitas vezes acompanhada de cansaço ou fadiga. Geralmente, esses sintomas aparecem na maior parte dos dias, por pelo menos duas semanas, prejudicando a vida social, pessoal ou acadêmica.

Outros sinais comuns incluem:

  • Tristeza persistente
  • Perda de interesse em atividades prazerosas
  • Mudanças no apetite (perda ou ganho de peso)
  • Alterações no sono
  • Sensação de fadiga e de falta de energia
  • Dificuldade de concentração
  • Agitação ou lentidão nos movimentos
  • Sentimento de culpa
  • Desesperança;
  • Sensação de inutilidade
  • Pensamentos sobre morte.

Nem todos esses sintomas precisam estar presentes para que o diagnóstico seja confirmado. “Cada pessoa experimenta a depressão de um jeito único. Porém, o que une todos é a mudança no comportamento, nos pensamentos e nos sentimentos. O humor deprimido, com tristeza e sensação de menos valia, é muito comum”, ressalta Ana Carolina.

Além disso, a forma como a depressão se manifesta varia de acordo com a idade. Em adolescentes, por exemplo, pode ocorrer irritabilidade, acompanhada de queixas físicas, alterações no sono e no apetite, bem como maior sensibilidade à rejeição social. Já as crianças tendem a apresentar atitudes negativas, baixa tolerância à frustração e, em alguns casos, explosões de comportamento.

Um sinal de alerta é quando essas mudanças comportamentais se manifestam em mais de um contexto de convivência — por exemplo, em casa e na escola.

Causas e fatores de risco da depressão

A depressão é uma condição multifatorial, resultante da interação entre aspectos genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais. Em geral, os fatores de risco são cumulativos, ou seja, quanto mais fatores estiverem presentes, maior será a probabilidade de desenvolvimento do transtorno.

Fatores genéticos:  a predisposição pode ser herdada. Assim, pessoas com histórico familiar (pais, avós, irmãos) de depressão apresentam risco aumentado.

Fatores ambientais: experiências e estímulos externos, como traumas, estresse crônico, racismo, bullying, uso intensivo de redes sociais e uso de drogasAlém disso, o contexto familiar, o estilo de educação e a rede de apoio (família, amigos e escola) exercem papel significativo. Vale ressaltar que, quanto menor a criança, maior a influência do ambiente.

 

Prevalência da Depressão 

No que diz respeito à prevalência, a depressão é menos comum na infância, afetando cerca de 1% a 2% das crianças. Apesar de menos frequente, nessa fase ela provoca sofrimento considerável e tende a se agravar progressivamente quando não tratada.

Já na adolescência, a prevalência aumenta significativamente, afetando de 4% a 8% dos jovens — sendo aproximadamente o dobro em meninas. Quando consideramos o panorama global, estima-se que cerca de 4% da população mundial enfrente o transtorno.

Riscos e consequências da depressão

A depressão pode se instalar de forma gradual, muitas vezes ainda na juventude. Por isso, quanto mais cedo a pessoa buscar ajuda e iniciar o tratamento, maiores serão as chances de recuperação. Caso contrário, há maior probabilidade de o quadro se tornar crônico, alternando entre períodos de melhora e piora dos sintomas.

Quando não tratada, a depressão pode levar a baixo desempenho escolar ou profissional, problemas de saúde física, dificuldades nas relações familiares e sociais, além de baixa autoestima.

Outro ponto importante é que, em muitos casos, outros transtornos — como o TDAH — ocorrem em conjunto com a depressão, o que dificulta o diagnóstico. Além disso, trata-se de um dos transtornos mentais mais associados ao risco de comportamento autolesivo e suicídio, sendo o tratamento a melhor forma de prevenção.

Tratamento da depressão

O tratamento da depressão é amplo, contínuo e individualizado. Seu objetivo é aliviar os sintomas, restaurar a funcionalidade e reduzir o risco de recaídas. Ele pode incluir desde estratégias básicas — como adoção de uma rotina saudável, realização de atividades prazerosas e fortalecimento da rede de suporte — até intervenções específicas, como a psicoterapia e, quando necessário, o uso de medicamentos prescritos por um psiquiatra.

  • Psicoeducação: como em qualquer diagnóstico de saúde mental, é fundamental a orientação adequada do paciente e sua família em relação à condição e o tratamento, esclarecendo dúvidas e lidando com angústias que fazem parte do processo. 
  • Estímulo às mudanças de hábitos: exercícios físicos, sono regular, dieta balanceada, organização de rotinas e prevenção ao uso de drogas são questões protetivas da saúde mental que exercem papel importante no tratamento dos diversos transtornos.
  • Psicoterapias e medicações: em casos leves e moderados, as psicoterapias podem ser utilizadas como estratégia única, enquanto que sua associação com medicações devem ser consideradas nos casos moderados e graves. Segundo estudos, as técnicas de psicoterapia que possuem maior eficácia são a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e a Terapia Interpessoal (TIP); terapia familiar e de abordagem psicodinâmica também podem auxiliar.

Por que falar sobre depressão e saúde mental?

A depressão é uma doença relevante no Brasil e no mundo. Além disso, é considerada o principal motivo de incapacidade e afastamento do trabalho.

No entanto, apesar da gravidade e da alta prevalência, o estigma sobre o tema — assim como o autoestigma — ainda impedem muitas pessoas de buscar ajuda.

Por isso, é tão importante falarmos sobre saúde mental, falarmos sobre saúde mental, de modo a criar uma nova cultura em que todos possam se cuidar, prevenir problemas e atingir seus potenciais. Afinal, o conhecimento é a melhor arma contra o preconceito!

Adicionalmente, é importante destacar que a maioria dos transtornos mentais tem início na infância e na adolescência: 75% surgem antes dos 24 anos de idade e 50% já se manifestam até os 14 anos.

Entretanto, apesar desses números alarmantes, estima-se que 80% dos casos não sejam tratados — principalmente por falta de informação e pelo estigma que ainda envolve o assunto.

Portanto, para mudar essa realidade, é necessário compreender esses dados, ampliar o acesso ao conhecimento e fortalecer a conscientização social.

Cuidar da gente é cuidar da mente. Quanto mais cedo, melhor!

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