
Nas últimas décadas, a fronteira entre vida pessoal e trabalho ficou certamente mais frágil. A mudança na dinâmica familiar, bem como a entrada definitiva da mulher no mercado e, além disso, o avanço da tecnologia tornaram essa separação mais difícil. Para piorar, a pandemia e o home office transformaram essa divisão em um grande desafio. Consequentemente, muitas pessoas chegaram ao burnout nesse período. Diante disso, surge a pergunta: o que é exatamente burnout e quais são suas causas?
O que é burnout e quais as causas?
Trata-se de um esgotamento físico e mental causado principalmente por estresse crônico no trabalho. Em outras palavras, funciona como uma quebra nos nossos mecanismos de engajamento. Perdemos a conexão com atividades que antes traziam energia. Com o tempo, surge a apatia, a falta de motivação e a queda na produtividade.
Desde 1º de janeiro de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o burnout como um fenômeno ocupacional. Isso significa que ele está ligado diretamente ao ambiente de trabalho. Esse reconhecimento é importante, pois abre espaço para ações práticas e sem dúvida para uma reflexão mais profunda sobre saúde mental no trabalho.
Uma nova leitura sobre as causas do burnout
Durante a pandemia, o trabalho invadiu a rotina doméstica. Os intervalos que equilibravam o dia — como o trajeto até o trabalho, o almoço fora ou o cafezinho com colegas — desapareceram. Como resultado, o trabalho ocupou todo o tempo e levou muitos inegavelmente ao esgotamento.
Antes, considerado um quadro psiquiátrico, hoje o burnout é classificado pela OMS como uma síndrome ocupacional. Na prática, isso significa que o burnout deixa de ser um problema individual para se transformar então em uma questão coletiva, que exige atenção e cuidado de todos.
Aliás, a mudança de classificação que aconteceu em 2019 e entrou em vigor em 2022, veio como resposta ao aumento global de casos – atualmente mais pessoas enfrentam sobrecarga de trabalho. No Brasil, por exemplo, um levantamento do Dieese mostrou que 70% dos trabalhadores afirmaram estar trabalhando mais do que o contratado em 2020 e 2021.
Contudo, existem muitas dúvidas sobre a classificação sobre as causas do Burnout. Algumas pessoas ainda acham que é um transtorno mental. No entanto, como explica o psiquiatra Rodrigo Bressan, presidente do Instituto Ame Sua Mente, “o burnout não é um transtorno, mas um fator de risco que impacta diretamente a saúde mental. Ele se baseia em três pilares: a redução de energia, o distanciamento mental e a perda de produtividade.”
O que causa o burnout ?
O burnout aparece surpreendentemente de várias formas: falta de motivação, pensamentos negativos, cinismo em relação ao trabalho e queda no desempenho. Veja algumas das principais causas:
Falta de autonomia
Quando o profissional não pode decidir sobre sua própria rotina, o estresse aumenta. Não ter controle sobre as tarefas ou da própria agenda é exaustivo. Além disso, enfrentar condições precárias de trabalho contribui para o esgotamento.Falta de expectativas claras
Sem clareza sobre o que se espera, o trabalhador se sente inseguro. Saber suas funções não basta. É preciso entender o que a liderança espera do seu trabalho e como isso se alinha aos objetivos da organização.Relacionamentos disfuncionais ou abusivos
Os relacionamentos são um dos principais fatores geradores de estresse. Quando os limites do ambiente profissional são desrespeitados, o desgaste se acumula.Extremos de atividade
Tanto o excesso quanto a falta de tarefas desgastam. A instabilidade cria um cenário de incertezas que afeta o foco e o bem-estar.Desequilíbrio entre vida pessoal e profissional
Quando o trabalho ocupa tanto espaço que não sobra tempo para a vida pessoal, o esgotamento aparece. Tanto o descanso quanto os relacionamentos saudáveis fora do trabalho são fundamentais para recarregar as baterias e evitar o desgaste mental e emocional.
As causas do Burnout: como lidar com ele?
Assim como outros temas de saúde mental, o burnout exige primordialmente ações conjuntas. Ou seja, empresas e profissionais precisam primeiramente assumir responsabilidades e buscar soluções para ambientes mais saudáveis.
Para isso, as empresas podem então começar criando canais de escuta, ajustando escopos de trabalho, incentivando pausas, esportes e momentos de relaxamento. Melhorias na gestão e na comunicação também fazem certamente diferença. Para os funcionários que estão passando por uma situação de esgotamento, o primeiro passo é reconhecer os sinais e além disso buscar ajuda. Como o burnout pode se confundir com quadros depressivos, é essencial procurar um diagnóstico adequado.
Converse com a liderança
Fale com seu supervisor ou com o RH. Juntos, é possível rever expectativas, rever compromissos e propor mudanças.Busque apoio
Burnout não é fraqueza. Compartilhar a situação com colegas, amigos ou familiares pode aliviar o peso e trazer acolhimento.Mude a rotina
Inclua atividades que tragam equilíbrio. Exercícios físicos, sono de qualidade bem como momentos de relaxamento são aliados importantes na recuperação.
Em suma, atualmente precisamos reavaliar nossos hábitos, modelos de trabalho e como podemos promover mais equilíbrio no nosso dia a dia. Esse é o primeiro passo para construir rotinas mais equilibradas — dentro e fora do trabalho.







