[Aviso de gatilho: conteúdo relacionado ao tema do suicídio]
A desesperança surge quando acreditamos que estamos presos a uma situação intolerável que não podemos mudar. Segundo o psiquiatra Gustavo Estanislau, especialista do Instituto Ame Sua Mente, esse sentimento pode ser traduzido como “um pessimismo diante do futuro, ou seja, uma sensação de que as coisas não vão mudar e a pessoa continuará sofrendo.”
A desesperança está diretamente ligada aos casos de suicídio. A decisão de tirar a própria vida costuma ser um ato extremo, motivado por um desespero intenso diante de uma dor profunda. Nesses momentos, a pessoa se sente incapaz de mudar a realidade que vive — ou mesmo de enxergar que aquilo pode passar. É nesse ponto que a desesperança se manifesta em sua forma mais aguda. Por isso, falar sobre suicídio é, também, falar sobre desesperança.
Quando o futuro perde o sentido
O pessimismo em relação ao futuro pode aparecer em conversas simples do dia a dia. Por exemplo, quando alguém demonstra apatia ao responder perguntas como “O que você vai fazer no fim de semana?” ou “Tem algum plano para o final do ano?”, isso pode revelar mais do que apenas desânimo. Essas respostas dizem muito sobre a forma como a pessoa encara a vida. Elas podem indicar se ela ainda consegue enxergar possibilidades de mudança e superação diante das dificuldades — ou se já perdeu essa perspectiva.
Como lidar com a desesperança
Sentir-se desesperançado não significa que há algo errado com você. Esse sentimento é, na verdade, uma resposta natural a uma situação dolorosa. Em um momento difícil, é comum que qualquer pessoa se sinta assim.
O primeiro passo para lidar com a desesperança é reconhecê-la. Muitas vezes, tentamos evitar ou resistir a esse sentimento — e isso só o torna mais forte. Quando conseguimos admitir que ele está presente, algo muda. Passamos a nos observar de fora e, com isso, deixamos de nos confundir com o que sentimos.
Em outras palavras: ao aceitar a desesperança, retomamos a consciência de que ela é passageira. Esse sentimento faz parte da experiência humana, mas não define quem somos. Ninguém é desesperançado. A pessoa apenas está assim, por um tempo.
Cada caso pede um cuidado
Existem diversas formas de se abordar a desesperança dependendo da sua causa.“Algumas pessoas em quadros depressivos severos podem se tornar muito desesperançosas. Nestes casos, o tratamento medicamentoso pode ser determinante”, explica Dr. Gustavo. “Já nos quadros mais leves, trabalhar o otimismo e técnicas de resolução de problemas podem ajudar”.
Em alguns momentos, a distração é uma aliada importante. Diante de sentimentos muito intensos, é comum que a mente entre em espiral, aprofundando o sofrimento. Para quebrar esse ciclo, mudar o foco pode ser essencial.
Atividades simples como assistir a um filme, ler um livro, jogar videogame, tocar um instrumento, ver uma série ou cozinhar são exemplos de estratégias que ajudam a aliviar o peso da desesperança. Não se trata de fugir do que sentimos, mas de evitar que a dor cresça ainda mais.
Hoje, existem diversas abordagens e recursos que ajudam a lidar com a desesperança. Entender como a nossa mente funciona, nos faz compreender que a vulnerabilidade é uma condição universal. A desesperança faz parte de alguns momentos da nossa vida, assim como, a esperança. Aceitar que somos indivíduos em busca de equilíbrio é a melhor forma de administrar nossa saúde mental.
A terapia é um ótimo recurso para quem está passando por um momento difícil. Entenda mais como ela funciona e porque ela pode ser uma boa ferramenta para te ajudar no seu processo.