Saúde mental pós pandemia
Novo normal na pós pandemia11 de março de 2020. Foi nesta data que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente a pandemia de covid-19 e, a partir daquela quarta-feira, não temos dúvida: o mundo mudou. Mas, como é esse novo normal? Como estamos? O que aprendemos?

O período de isolamento nos apresentou novas formas de trabalhar, consumir e nos relacionar. Para muitos, tudo isso passou a acontecer por meio das telas, acelerando a tendência da hiperconexão digital. Além disso, o trabalho remoto e o distanciamento social intensificaram um estilo de vida mais individualista e voltado à produtividade.

Além do excesso de conectividade e da falta de interações humanas “analógicas” – fenômeno que já acendia um sinal de alerta para a saúde mental, convivemos por muito tempo com o sofrimento. enfrentamos perdas, medo, instabilidade profissional e financeira. Tudo isso contribuiu — e muito — para o aumento da ansiedade e do estresse.

Segundo a ONU, no primeiro ano da pandemia, os casos de transtornos de ansiedade e depressão aumentaram cerca de 25% no mundo. E esse impacto ainda é visível no Brasil, o país mais ansioso do mundo e o quinto em casos de depressão.

 

2 anos parecem 10 – o impacto nos jovens

O isolamento afetou especialmente os adolescentes — justamente numa fase em que o pertencimento e a convivência social são fundamentais para o desenvolvimento emocional e para a construção da identidade. “Um ou dois anos na vida de um adolescente representam muito mais do que 10 anos para um adulto. Os adolescentes não puderam conviver normalmente no ambiente escolar, um espaço de mediação de conflitos. O isolamento também comprometeu a capacidade desses jovens de manter a atenção para assistir às aulas e fazer provas. Fatores estressantes que já aconteciam antes da pandemia ganharam uma magnitude muito maior”, afirma o psiquiatra e presidente do Instituto Ame Sua Mente, Rodrigo Bressan.

Zeitgeist – O espírito do tempo

É fato que esse período imprevisível afetou o equilíbrio emocional de todos — em diferentes graus. Mais do que isso: durante esse tempo, os transtornos mentais, que já faziam parte da vida de muitos, ganharam visibilidade. “Digo que, na pandemia, a saúde mental entrou pela porta da frente das casas dos brasileiros.”, diz Bressan.

O aumento do debate sobre o tema foi um avanço. Falou-se mais e vimos a redução do estigma que envolve o tema. Assim, muitas pessoas que antes sofriam sozinhas passaram a procurar ajuda.

No entanto, ainda enfrentamos obstáculos. Nossa cultura e educação emocional frágeis dificultam o cuidado com a saúde mental. Como resultado, enfrentamos hoje uma crise silenciosa — visível nos números de violência, solidão, autolesão, suicídio e intolerância. O tabu e a desinformação continuam sendo barreiras para a identificação de problemas de saúde mental assim como o encaminhamento, diagnóstico e tratamentos adequados. Isso prejudica milhares de brasileiros.

 

Para transformar, é preciso intenção e atitude

Na realidade, nada do que apontamos até aqui é muito novo.  Mas os pontos que queremos trazer é: Estamos dispostos a aprender com o que vivemos? O que estamos fazendo com essas constatações? O mundo evoluiu mais rápido do que conseguimos acompanhar. Por isso, é preciso reconhecer a própria vulnerabilidade para, então, buscar autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Só assim conseguimos cultivar as habilidades necessárias para lidar com os desafios da vida e das relações.

O diálogo é o caminho

“A estratégia mais potente, do ponto de vista populacional, são rodas de conversa. O ‘apoio por pares’ – em inglês, peer support, – faz com que os indivíduos ganhem identidade, tratem das questões mais sofisticadas com um nível de entendimento e sintonia muito alto, o que ajuda a reduzir o estresse e a despertar o sentimento de fazer parte de algo que está sendo enfrentado coletivamente”, explica Bressan.

Conversar com amigos, familiares e colegas — em rodas orientadas ou mesmo em encontros informais — é um gesto poderoso de cuidado. A empatia e o diálogo constroem uma sociedade mais saudável, colaborativa e acolhedora. Mas essas habilidades precisam ser praticadas. Assim como treinamos para nos destacar no esporte, na arte ou no trabalho, também precisamos de intenção, disciplina e flexibilidade para desenvolver novas atitudes e comportamentos.

Devemos colocar a saúde mental no topo das prioridades. Só assim conseguiremos cuidar da mente e espalhar boas práticas. A mudança começa dentro de cada um. Afinal, famílias, escolas, empresas e instituições são feitas de pessoas.

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