Dados apontam números alarmantes para este fenômeno, que, além do impacto psicológico, tem diversas consequências sociais.

A violência escolar é um problema preocupante que afeta o presente de estudantes, educadores e famílias, além do futuro da sociedade. Cada vez mais, o tema precisa ser discutido e investigado por conta da proporção que vem tomando. Ademais, o comportamento agressivo e repetitivo de crianças e jovens ganhou novos contornos com a internet, sendo ainda intensificado com o isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19.

Esta realidade pode ser facilmente identificada nos dados da Unicef, que revelam que 37% dos jovens brasileiros entre 13 e 24 anos já foram vítimas de cyberbullying (termo em inglês para as práticas de calúnia, humilhação, brincadeiras de exposição vexatória e difamação por meio da internet).

Outros estudos compilados recentemente pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, registraram que apenas entre os meses de janeiro e março de 2022, mais de 4 mil casos de agressão nas escolas estaduais durante o retorno às aulas presenciais. Esse número representa um aumento de 48% em relação ao mesmo período de 2019, pré-pandemia. Para se ter uma ideia da gravidade que esses casos podem tomar, no dia 22 de março, em São Miguel Paulista (bairro da zona leste da cidade de São Paulo), um aluno esfaqueou dois colegas, na sala de aula de uma escola particular.

Uma questão que merece a atenção de todos

Além das consequências sociais e psicológicas que mesmo agressões consideradas mais leves podem causar, esse tipo de comportamento prejudica o desempenho escolar dos alunos e contribui para a evasão escolar, impactando a vida desses jovens a longo prazo. Um efeito cascata que afeta a sua trajetória profissional e a sociedade como um todo, corroborando para o aumento da desigualdade social, conforme o relatório do Observatório de Educação.

Esses dados revelam um ambiente escolar inseguro e demonstram como estas violências e suas diversas camadas – bullying, cyberbullying, agressão verbal, física, psicológica, vandalismo – estão afetando a saúde mental dos jovens no Brasil.

Os efeitos podem ser visíveis no comportamento das vítimas, que exibem desinteresse pelas atividades escolares, baixo rendimento acadêmico, mal estar frequente, insônia, ansiedade, transtornos emocionais, problemas de autoestima e, em alguns casos, pensamentos suicidas.

Mas quem é a vítima?

O processo de bullying é, de certa maneira, retroalimentado pelo impacto psicológico de vítimas que, muitas vezes, se tornam agressoras. Além disso, as práticas de violências impactam também os espectadores. Há muitos casos de estudantes que passam a modular seus comportamentos ao assistirem a essas práticas, presencial ou virtualmente, por medo de represálias e de se tornarem alvo do agressor.

Pensando nisso e frente à complexidade destas questões, quais ações preventivas devemos adotar?

O acolhimento é o caminho.

Especialistas apontam que o acolhimento, tanto por parte dos profissionais da educação, quanto dos familiares é essencial no enfrentamento à violência escolar.

Um ambiente acolhedor também promove a qualidade da aprendizagem e a integração do eixo família-escola. Profissionais da área, ouvidos em audiência pública da Comissão de Educação (CE) em junho deste ano,  falaram que o crescimento dos casos de violência é “reflexo de problemas sociais”.

Para Tony Marcelo, presidente da Comissão do Plano de Urgência para Paz nas Escolas Públicas do DF, é preciso ouvir os jovens, sendo esse um papel social da escola. “Não dá para pensar na violência de forma isolada, […] A escola nada mais é que o reflexo de uma sociedade que apresenta problemas agudos.” A opinião também foi compartilhada por Denise Regina Maria Dias, coordenadora-geral do Ensino Fundamental da Secretaria de Educação Básica do MEC.

Buscar entender as relações e causas de conflitos que acontecem no ambiente escolar é o primeiro passo para construir um ambiente de paz.
Garantir um canal de comunicação seguro e de escuta para denúncias de bullying e relatos sobre situações desconfortáveis.
Articular rodas de conversa promovendo trocas e a escuta ativa, incentivando o diálogo, o pensamento crítico e a convivência com a diversidade.
Ampliar atividades pedagógicas ao longo da formação do aluno focadas nas competências socioemocionais, na inclusão e na empatia.
Trabalhar em conjunto para criar novas iniciativas por um ambiente mais inclusivo, criando espaços para compartilhar experiências entre alunos e professores.
Estimular para que os alunos não sejam indiferentes a qualquer tipo de violência, faz parte da construção de um ambiente seguro e saudável. O diálogo, a empatia e o acolhimento são ferramentas de humanização fundamentais na construção desta cultura de paz.

Juntos somos mais fortes!

Publicado em 14 de Setembro de 2022

© 2023 por Ame sua Mente

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