Folha de São Paulo, 2 de dezembro de 2025 – Debate sobre a Esquizofrenia
A morte de Gerson de Melo Machado, um jovem de 19 anos que entrou na jaula de uma leoa em um zoológico de João Pessoa, reacendeu o debate sobre esquizofrenia no país. Assim, o caso expõe uma realidade conhecida: falta de políticas consistentes, diagnóstico tardio, acompanhamento frágil e pouco suporte às famílias. Esses fatores se somam e aumentam o risco de situações extremas e evitáveis.
O psiquiatra Rodrigo Bressan, presidente-fundador do Instituto Ame Sua Mente e professor da Unifesp, comentou o episódio em entrevista à Folha de S.Paulo. Ele lembrou que muitos casos graves podem ser prevenidos quando o cuidado começa cedo, principalmente no primeiro episódio psicótico. Segundo Bressan: “O tratamento funciona. Dá trabalho, tem efeitos colaterais, mas funciona. Tratar cedo e direito muda completamente a trajetória.”
A reportagem também mostra que jovens acompanhados em serviços especializados para primeiro episódio de esquizofrenia aderem mais ao tratamento. Desta forma, conseguem reduzir recaídas, evitar agravamentos e acessar suporte qualificado. Esse suporte é essencial porque muitas famílias enfrentam medo, culpa ou desinformação nos primeiros sinais da doença.
Por que o debate sobre a esquizofrenia voltou a ganhar força?
Episódios como o de Gerson revelam um padrão preocupante. Isso porque, a integração entre os serviços de saúde mental ainda é limitada. Além disso, o acesso a equipes especializadas é difícil, e protocolos eficazes de acompanhamento de longo prazo muitas vezes não são implementados. Por isso, jovens em sofrimento psíquico severo costumam circular por serviços desconectados e sem acompanhamento consistente. Neste cenário, aumenta-se o risco de crises graves.
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Então, o que especialistas defendem
Diante desse cenário, especialistas defendem medidas urgentes:
- Diagnóstico precoce
Intervenção ágil no primeiro surto psicótico
Tratamento contínuo e baseado em evidências
Treinamento e apoio às famílias
Combate ao estigma e às narrativas que associam transtornos mentais à violência
Por fim, Bressan reforça que tragédias isoladas não devem alimentar discursos estigmatizantes. Ao contrário: elas devem impulsionar políticas públicas robustas e garantir acesso à saúde mental de qualidade, para que jovens e famílias possam construir trajetórias mais seguras e dignas.







