Habilidades emocionais

Quando falamos sobre saúde mental na escola, a maior parte dos educadores sente que precisa fazer de tudo. Afinal, não raras vezes, ao perceber que algo não vai bem, eles buscam identificar e cuidar dos problemas apresentados por seus alunos. Mesmo assumindo o papel de conselheiro em diversas situações, o professor não é capacitado para agir como psicólogo. Contudo, como os educadores estão na linha de frente e conhecem seus alunos, ninguém melhor do que eles para incentivar os cuidados com a saúde mental dentro e fora da escola.

Nos últimos anos, observamos um aumento dos transtornos mentais em alunos de todas as idades. Episódios de bullying, ansiedade, depressão e até suicídio afetam, cada vez mais, crianças e adolescentes em idade escolar. Embora não possamos esperar que a escola trate de questões e transtornos de saúde mental por conta própria, ela desempenha esse papel importantíssimo na hora de educar os alunos para cuidarem de sua saúde mental.

Afinal, saúde mental se ensina?

Os professores sabem como ensinar matemática, português, história ou geografia. Mas e a saúde mental? Será que é possível ensiná-la?

Para a surpresa de alguns, sim, a saúde mental não só pode como deve ser ensinada. Assim como cuidamos da saúde física com hábitos saudáveis, também é possível cuidar da nossa saúde mental com hábitos saudáveis e cuidados diários. Estimular essas práticas e transformar a escola em um espaço acolhedor é o começo para construir uma nova cultura.

Por isso, falar sobre saúde mental é essencial.  É preciso compreender que transtornos como ansiedade e depressão podem afetar qualquer pessoa, em qualquer idade e não há motivo para se envergonhar disso.  Também é importante saber que muitos desses transtornos podem ser evitados, se soubermos identificar precocemente e trabalhar a saúde mental de maneira preventiva.

Falar sobre como a mente funciona ajuda a normalizar o sofrimento e diminui o estigma. Quando alunos escutam colegas ou professores dividindo experiências e vulnerabilidades, se sentem menos sozinhos — e, muitas vezes, ao se identificar, buscam ajuda.

 

A importância das habilidades emocionais

 

Nem todo desafio emocional se transforma em um transtorno. Porém, para evitar que o estresse, por exemplo, evolua para um quadro de ansiedade, é importante ir além da conversa. Professores e alunos precisam desenvolver o que chamamos de habilidades emocionais.

Essas habilidades são, na prática, ferramentas que nos ajudam a identificar, compreender e lidar com nossas emoções. Muitas delas podem  ser trabalhadas em sala de aula. E o mais interessante: são simples, mas extremamente poderosas para a saúde mental.

Ensinando a reconhecer as nossas emoções

Quem nunca presenciou uma explosão emocional de um aluno, colega ou funcionário da escola? Muitas vezes, essas reações acontecem porque não conseguimos perceber e nomear emoções desconfortáveis a tempo. Como resultado, elas se acumulam e, alguma hora, transbordam de forma intensa.

Reconhecer emoções pode parecer simples, mas na prática, nem sempre é fácil. Quantas vezes você já se pegou confuso entre cansaço, frustração e decepção? Entender o que sentimos é o primeiro passo para saber como agir. Por exemplo, se estamos cansados, talvez uma pausa resolva. Se estamos decepcionados, é preciso investigar a causa. Enfim, quanto mais clareza temos sobre as nossas emoções, mais fácil fica de lidar com elas sem que elas nos desgastem.

Infelizmente, não fomos ensinados a olhar para as nossas emoções — muito menos a conversar sobre elas. Por isso, é comum desconhecermos as nossas próprias reações diante do medo, da raiva ou da tristeza.

Na escola, podemos mudar isso. Incentivar os alunos a nomear e compreender seus sentimentos é uma prática poderosa. Com crianças pequenas, é possível usar jogos, histórias ou desenhos para ensinar as emoções básicas. Já com adolescentes, a escrita e as rodas de conversa funcionam muito bem.

 

Incentivando as pausas

O modelo escolar tradicional, assim como a nossa sociedade, valoriza o desempenho. Desde cedo, crianças e jovens passam por provas, metas e avaliações. Mas nem todos conseguem acompanhar esse ritmo — e tudo bem.

Para que a aprendizagem aconteça de forma saudável, é preciso mais do que esforço. É necessário também descansar. Ensinar crianças e adolescentes a fazer pausas e respeitar seus limites é essencial. Quando um aluno se cobra demais e não descansa, ele perde o estímulo e o prazer de aprender. Além disso, a pressão constante pode levar ao estresse, à ansiedade e, em casos mais graves, à depressão.

Aprender a reconhecer os próprios limites e saber a hora de parar é uma habilidade fundamental para a saúde mental.

Resolução de problemas

Curiosamente, apesar de serem frequentemente apresentados a problemas, às vezes os alunos não desenvolvem habilidades para resolvê-los. As escolas, em geral, ensinam os alunos a darem as respostas certas, mas nem sempre ensinam como chegar a boas soluções.

Hoje, existem diversas metodologias que ajudam nesse processo. O Design Thinking, por exemplo, pode ser adaptado para ajudar os alunos a resolver conflitos e lidar com sentimentos difíceis. Trabalhar a resolução de problemas também fortalece a autoconfiança e reduz o estresse, pois mostra que é possível encontrar caminhos — mesmo em situações difíceis.

Falar sobre saúde mental na escola é urgente. Mas mais do que falar, é preciso ensinar — com práticas simples, que ajudam alunos e professores a se conectarem com suas emoções e a construírem um ambiente mais empático, seguro e saudável. A boa notícia é que essas habilidades podem ser desenvolvidas. E, quando isso acontece, toda a comunidade escolar se beneficia.

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