diagnósticos na infânciaNos últimos anos, o debate sobre diagnósticos na infância tem ganhado espaço no Brasil. Reportagem do Estadão contou com a participação do psiquiatra Pedro Pan, pesquisador da Unifesp e membro do Instituto Ame Sua Mente, que alerta para o crescimento da medicalização e da patologização de comportamentos típicos da infância e da adolescência.

O crescimento dos diagnósticos na infância

Segundo Pedro Pan, escolas passaram a acumular relatórios médicos e laudos de alunos em ritmo acelerado. O que antes cabia em uma pasta, hoje já ocupa armários inteiros. Essa explosão de diagnósticos na infância não significa necessariamente um aumento real dos casos clínicos, mas sim maior conscientização, ampliação dos critérios e também pressões culturais e sociais.

Impactos na escola e nos professores

O psiquiatra destaca que muitas vezes as escolas esperam desempenhos acima da média desde a primeira infância, o que pode gerar encaminhamentos precipitados. Nas redes públicas, por outro lado, há falta de acesso a especialistas e a diagnósticos básicos. Esse desequilíbrio sobrecarrega professores, que acabam assumindo funções clínicas sem formação adequada, aumentando o risco de adoecimento emocional dos educadores.

Diagnósticos na infância não são sinônimo de medicação

Pan reforça que sofrimento infantil não deve ser confundido automaticamente com transtorno mental. O processo de diagnóstico em psiquiatria exige tempo, escuta e análise contextual. Mesmo em quadros como TDAH e TEA, os diagnósticos não devem levar à medicalização imediata, já que intervenções psicossociais e pedagógicas são fundamentais.

Um olhar cuidadoso para a infância

Para o especialista, é urgente diferenciar sofrimento cotidiano de transtornos psiquiátricos, evitando a medicalização excessiva. O caminho não é negar a saúde mental nas escolas, mas sim estruturar formas de cuidado, fortalecer professores e ampliar o acesso real a serviços de saúde.

O debate sobre diagnósticos na infância precisa ir além dos rótulos: antes do laudo, o olhar; antes da medicação, o afeto.

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