Síndrome do coração partido

Quando a dor afeta o coração

Já pensou se uma emoção fosse capaz de alterar o funcionamento do coração? E não estamos falando apenas das palpitações causadas por um amor arrebatador ou pela vitória do seu time na final do campeonato. Trata-se de mudanças físicas reais no órgão responsável por bombear o sangue. Essas alterações geralmente surgem após eventos marcantes ou por esforço físico excessivo. Foi justamente por surgir, inicialmente, após acontecimentos trágicos — como a perda de um ente querido ou o fim de um relacionamento — que essa condição recebeu o nome de síndrome  do coração partido. No entanto, eventos positivos intensos e o estresse físico também podem desencadeá-la, ainda que com menor frequência.

Apesar de pouco conhecida, a síndrome voltou ao centro das atenções durante a pandemia da COVID-19. Esse período, altamente estressante, afetou diferentes aspectos da vida cotidiana e aumentou os casos de ansiedade e depressão. Um estudo da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, revelou que os casos de cardiomiopatia de Takotsubo aumentaram de 1,7% para 7,8% durante a pandemia. Os dados foram publicados em julho de 2020, na revista JAMA Network Open, e fazem parte de um esforço global para entender o impacto da pandemia na saúde.

A descoberta da síndrome do coração partido

Médicos japoneses descreveram a cardiomiopatia induzida por estresse pela primeira vez em 1990. Essa condição provoca uma disfunção súbita, porém temporária, no ventrículo esquerdo do coração. Os sintomas lembram os de um infarto agudo do miocárdio, mas as artérias coronárias não apresentam obstruções. Os médicos notaram um aumento nos casos após desastres naturais, como terremotos — comuns no Japão. Muitos pacientes relatavam dor no peito e outros sintomas típicos de infarto, mas se recuperavam rapidamente e sem sequelas. A curiosa recorrência chamou a atenção dos pesquisadores.

Embora a causa exata ainda gere dúvidas, os estudos indicam que a liberação excessiva de hormônios como a adrenalina — em momentos de forte emoção — pode afetar as células do músculo cardíaco ou os vasos coronarianos. Isso prejudica a capacidade de contração do ventrículo esquerdo. Durante os exames de imagem, os médicos perceberam que o coração adquiria uma forma semelhante a um tako-tsubo, vaso japonês utilizado para capturar polvos. Por isso, a condição recebeu o nome oficial de síndrome de Takotsubo.

Síndrome do coração partido

Diagnóstico, tratamento e prevenção

No Brasil, a síndrome representa cerca de 2% dos casos inicialmente investigados como infarto. Os principais sintomas incluem dor no peito, falta de ar, sudorese e até desmaios. Como essas manifestações costumam desaparecer sozinhas, muitos pacientes não procuram atendimento médico — o que pode dificultar o diagnóstico e levar à subnotificação.

Apesar de não causar sequelas permanentes, a síndrome do coração partido exige atenção. Embora sejam raras, algumas complicações podem surgir, como insuficiência cardíaca grave, edema pulmonar ou choque cardiogênico — situações que exigem atendimento imediato em ambiente hospitalar. Na maioria dos casos, os médicos prescrevem medicamentos para reduzir a pressão arterial, controlar a frequência cardíaca e aliviar o estresse.

Mesmo que o coração geralmente se recupere por conta própria, o acompanhamento médico ajuda a evitar recaídas e monitorar possíveis complicações. Além disso, o uso de remédios para controlar o estresse pode evitar novas crises.

Além disso, é possível prevenir o quadro com um estilo de vida mais equilibrado. Atividades físicas moderadas, momentos de lazer e práticas que reduzam o estresse são aliados importantes para a saúde emocional e cardiovascular. Mesmo assim, ao sentir sintomas como dor no peito, cansaço extremo ou batimentos irregulares, é essencial buscar atendimento médico. Só assim é possível garantir o diagnóstico correto e o tratamento adequado.

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