Mulheres perfeitas e a pressão digital

Mulheres perfeitas

O uso intenso das redes sociais tem afetado, de forma crescente, a saúde mental feminina. Isso acontece porque, em um cenário onde a autoestima já é frequentemente desafiada, a comparação constante com vidas filtradas e editadas tende a minar ainda mais a autoconfiança.

Além disso, o consumo exagerado de conteúdos nos faz confrontar a própria realidade com padrões irreais de beleza e sucesso. Consequentemente, filtros que distorcem rostos e corpos reforçam ideias estéticas inalcançáveis. Ao mesmo tempo, a busca constante por curtidas e validação também pesa — e muito

Como resultado de tudo isso, esse processo pode gerar ansiedade, depressão, distorção da imagem e queda na autoestima. Segundo a Royal Society for Public Health, 90% das meninas e 70% dos jovens dizem se sentir pior com a própria imagem após o uso de aplicativos focados em fotos e vídeos.

Redes Sociais, Autoestima e saúde mental das mulheres

Outro ponto crucial é o alto poder viciante dessas plataformas. Devido ao acesso fácil, à grande variedade de estímulos e aos algoritmos pensados para prender a atenção, a desconexão se torna cada vez mais difícil. Não por acaso, um estudo da UFRJ revelou que 3 em cada 10 pessoas sentem ansiedade ao se afastar do celular. Além disso, mais da metade afirma ter medo de se sentir mal quando o aparelho não está por perto.

Por outro lado, o neurocientista Daniel J. Levitin alerta que o excesso de estímulos digitais pode sobrecarregar o cérebro, provocando confusão mental, cansaço e dificuldade de raciocínio. Assim, esses dados ajudam a compreender melhor por que a autoestima continua sendo uma questão tão sensível — especialmente entre mulheres, que já lidam com inúmeras pressões externas.

 

Por que cuidar da saúde mental feminina?

Desde cedo, meninas enfrentam pressões sociais ligadas à aparência e ao acúmulo de papéis. Espera-se que sejam fortes, doces, inteligentes — e lindas. Com o tempo, essas exigências só aumentam. E as redes sociais amplificam essa cobrança por perfeição, dificultando ainda mais o processo de autoaceitação.

Desde muito cedo, as mulheres enfrentam pressões sociais relacionadas à aparência e aos múltiplos papéis que se espera que desempenhem. Devem ser inteligentes, fortes, doces, respeitosas — e, ao mesmo tempo, lindas. Com o tempo, essas exigências só aumentam. Nesse cenário, as redes sociais amplificam essa cobrança por perfeição, dificultando ainda mais o processo de autoaceitação.

Para entender como tudo isso impacta a autoimagem, estudantes da PUCRS realizaram a pesquisa Mídias Sociais e a Relação das Mulheres com a sua Aparência. O resultado impressiona: 9 em cada 10 mulheres sentem pressão estética constante. Isso alimenta a busca por corpos “perfeitos” e impulsiona o mercado de procedimentos estéticos — um ciclo que se retroalimenta.

Já um estudo com 10 mil jovens de 14 anos, publicado na revista The Lancet, mostra que entre adolescentes que passam mais de cinco horas por dia nas redes sociais, os sintomas de depressão aumentam 50% nas meninas e 35% nos meninos.

Outro levantamento da University College London indica que 1 em cada 4 meninas apresenta sinais de depressão, contra 11% dos meninos. Entre os fatores estão o assédio online, a privação de sono e a baixa autoestima — todos intensificados pelo uso excessivo das redes.

Como construir caminhos mais saudáveis 

Diante de tantas pressões, é urgente fortalecer a autoestima das meninas desde cedo. Valorizar a diversidade e quebrar padrões estéticos ajuda a criar um ambiente emocionalmente mais seguro. Neste sentido, famílias e educadores têm um papel essencial nesse processo. Reduzir o tempo de tela, estimular o contato com a natureza e incentivar atividades fora do digital contribuem para o bem-estar emocional.

O uso consciente das redes precisa ser aprendido desde a infância — especialmente por meninas que ainda estão construindo sua visão sobre si mesmas e sobre o mundo.

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