
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) não é preguiça, falta de vontade ou uma “fase”. Pelo contrário, trata-se de um transtorno marcado por alterações reais no funcionamento do cérebro — alterações que explicam os sintomas do TDAH no cotidiano. Essas diferenças afetam áreas envolvidas na autorregulação, no planejamento, na organização e no controle inibitório.
Como consequência, o impacto surge no dia a dia — nas tarefas, nas relações e na forma como a pessoa lida com demandas e frustrações. A boa notícia é que tudo melhora quando os sintomas do TDAH são identificados cedo e avaliados por um profissional de saúde. Com um plano de tratamento individualizado, é possível reduzir prejuízos, fortalecer habilidades e transformar a trajetória de quem convive com o transtorno.
Outro fator fundamental é falar sobre o TDAH com clareza e sem estigma, pois isso ajuda famílias e educadores a reconhecer os sinais precocemente e, desse modo, buscar caminhos de cuidado baseados em evidências.
Vale reforçar que o diagnóstico de TDAH é clínico. Ou seja, ele deve ser realizado por um profissional habilitado, que analisa a história de vida do paciente, os relatos da família e da escola e, ainda, observa o comportamento em diferentes contextos.
A seguir, você encontra perguntas e respostas elaboradas pelo psiquiatra infantojuvenil Gustavo Estanislau, especialista em saúde mental do Instituto Ame Sua Mente.
Perguntas e respostas sobre os Sintomas de TDAH
1. Quais são as causas e sintomas de TDAH?
O TDAH é um transtorno multifatorial. Ou seja, ele resulta da interação de diversos fatores. Porém, o componente genético exerce grande influência. Quando familiares têm TDAH, por exemplo, a probabilidade aumenta. Somado a isso, fatores ambientais modulam tanto o surgimento quanto a intensidade dos sintomas. Entre eles estão o nascimento prematuro; a exposição pré-natal a álcool, tabaco ou outras drogas; eventos adversos crônicos; sono desregulado e ambientes caóticos.
No cérebro, as diferenças aparecem nas redes de atenção e de controle inibitório, que dependem de neurotransmissores como dopamina e noradrenalina. Quando esses circuitos atuam de forma diferente, aparecem dificuldades para controlar impulsos, iniciar tarefas, manter o foco e organizar o tempo — sinais típicos do TDAH.
Por isso, é preciso acompanhamento especializado. Afinal, o funcionamento cerebral das pessoas com TDAH demanda estratégias específicas de manejo e, em alguns casos, tratamento medicamentoso para ajudar no controle dos sintomas.
2. O tratamento para o TDAH é efetivo?
Sim, o tratamento costuma ser efetivo — especialmente quando combina diferentes estratégias e recebe monitoramento contínuo. Vale ressaltar que a abordagem não se limita a uma única medida. Profissionais incluem psicoeducação, organização da rotina, manejo do tempo e do ambiente, psicoterapia e, quando necessário, medicação.
Quanto à duração, não existe um padrão. Algumas pessoas precisam de acompanhamento por mais tempo. Outras, por sua vez, ganham autonomia conforme desenvolvem estratégias e atravessam fases mais exigentes, como, por exemplo, vestibular ou início da vida profissional.
Mais importante do que pensar em “tratar para sempre” é avaliar o quanto o paciente consegue funcionar bem no dia a dia. Assim, o plano terapêutico evolui conforme ele avança.
3. Meu filho tem déficit de atenção ou é “preguiçoso”? Quando investigar os sintomas de TDAH?
Essa dúvida é comum — e merece atenção. Isso porque rotular a criança como “preguiçosa” machuca e não resolve. O rótulo, inclusive, reforça o estigma e afasta a busca por ajuda.
A criança com TDAH não age por falta de vontade. Na realidade, ela enfrenta dificuldades para regular a atenção e iniciar ações no tempo correto. Em outras palavras, ela sabe o que precisa fazer, mas se perde antes e durante as tarefas. Nesses caso, os sinais surgem em vários ambientes e afetam o desempenho escolar, a rotina e as relações. Quando isso acontece, a avaliação clínica se torna necessária.
4. Todo mundo que tem sintomas de TDAH precisa tomar remédio?
Não. A medicação é apenas uma das ferramentas disponíveis. Portanto, seu uso deve ser avaliado por um profissional da saúde mental. Muitos quadros leves ou moderados respondem muito bem a intervenções educacionais, organização da rotina e psicoterapia.
Por outro lado, quando a pessoa apresenta prejuízos significativos — como dificuldades acentuadas de aprendizado, sofrimento intenso, risco de evasão escolar ou conflitos familiares — a medicação pode ser decisiva. Isso ocorre porque ela reduz sintomas e potencializa os efeitos das demais intervenções. Também é importante ressaltar que a decisão é sempre compartilhada: os profissionais consideram benefícios, possíveis efeitos colaterais e preferências da família, monitorando tudo de perto.
Independentemente da medicação, algumas estratégias ajudam a melhorar o quadro. Por exemplo, dividir tarefas em passos menores, oferecer instruções claras, criar períodos curtos de foco e reforçar positivamente cada avanço. Dessa forma, o acompanhamento adequado transforma essas estratégias em hábitos consistentes.
5. Por que aumentou tanto o número de casos e sintomas de TDAH?
O aumento tem várias explicações. Para começar, mais pessoas reconhecem os sintomas e enfrentam menos estigma. Como resultado, a informação circula mais e leva um número maior de indivíduos a buscar avaliação.
Por outro lado, ao longo do tempo, os critérios diagnósticos evoluíram e, consequentemente, ampliaram a identificação — especialmente em grupos antes pouco diagnosticados, como meninas com quadro predominante de desatenção.
O estilo de vida também influencia o comportamento, bem como a capacidade de atenção. Por exemplo, sono irregular, uso excessivo de telas e rotinas fragmentadas podem gerar sinais que se confundem com os sintomas de TDAH. Isso, naturalmente, aumenta a procura por profissionais.
Em resumo, mais pessoas percebem dificuldades e, portanto, buscam ajuda. Esse movimento é positivo, desde que não gere rótulos precipitados nem diagnósticos exagerados.
6. Os sintomas de TDAH aparecem na infância?
Sim. Os primeiros sinais costumam surgir até os 12 anos. No entanto, muitas vezes eles passam despercebidos. Por esse motivo, algumas pessoas só recebem o diagnóstico na adolescência ou na vida adulta, quando as exigências aumentam e o prejuízo fica mais claro.
Importante observa que na vida adulta, a hiperatividade assume outra forma. Em vez de agitação física, surge inquietude constante, pressa e pensamentos acelerados.
Por fim, nem todo diagnóstico tardio implica negligência. Em muitos casos, os sintomas eram leves ou estavam bem compensados. Ainda assim, profissionais entendem que o TDAH sempre começa na infância, mesmo quando reconhecido só mais tarde.
7. O que faz diferença na rotina familiar ou escolar ao notar sintomas de TDAH?
Primeiramente, é importante lembrar que o TDAH não é culpa da criança, da família ou da escola. O manejo funciona melhor quando todos atuam juntos. Aqui, destacamos três pontos essenciais:
Estabelecer rotina previsível
Famílias e escolas podem criar combinados simples. Por exemplo, usar checklists visuais, dividir tarefas em etapas e manter horários consistentes para dormir, acordar e estudar. Dessa forma, a criança entende o que esperar e se organiza melhor.- Criar um contexto de foco
Adultos podem organizar o ambiente e reduzir distrações. Além disso, podem propor períodos curtos de concentração com pausas programadas. Da mesma maneira, orientações claras e retornos imediatos ajudam a manter a atenção e evitam frustrações.
Reforçar o progresso
Outra atitude importante é valorizar as pequenas conquistas. Por exemplo, organizar a mochila, começar na hora certa ou concluir a primeira parte da tarefa. Assim, o reforço frequente fortalece a autoestima e aumenta a motivação.
Profissionais também podem sugerir adaptações pedagógicas, conforme avaliação individual: mais tempo de prova, assento estratégico na sala de aula, provas fracionadas, organizadores gráficos e leitura em voz alta. O ideal é que a escola tenha diretrizes claras que garantam equidade sem estigmatizar.
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8. As telas aumentam os Sintomas de TDAH?
As telas entregam recompensa imediata e estímulos rápidos, o que amplia a distração. Entretanto, proibir raramente funciona. Por isso, regular o uso com propósito costuma ser mais efetivo. Nesse sentido, defina períodos curtos e previstos de uso pedagógico. Além disso, mantenha o celular fora de vista da criança quando ele não for necessário, silencie notificações e combine regras claras com a família — por exemplo, tempo de uso, sono em dia e nada de telas durante o estudo focado.
9.Qual conselho você daria para quem tem Sintomas de TDAH ou o diagnóstico?
Entenda que você não é preguiçoso. Compreender como seu cérebro funciona é libertador. Por essa razão, busque informação de qualidade, peça ajuda quando travar, invista nos seus pontos fortes e transforme estratégias em rotina. Por fim, é fundamental manter o tripé da saúde mental em dia: sono de qualidade, exercício físico e alimentação equilibrada.
Se você quer se aprofundar mais no tema, veja também:
- Blog: O que é TDAH?
- Podcast TDAH: sinais, diagnóstico e tratamento
- Ficha informativa O que é TDAH e como identificar os sintomas










