Embora a maternidade seja uma experiência significativa para muitas mulheres, a romantização desse papel contribui para minimizar os desafios dessa jornada. A falta de apoio e compreensão transforma o que poderia ser um processo compartilhado em um caminho solitário — e, muitas vezes, adoecedor.
Romantizar a maternidade é sustentar a ideia equivocada de que a mulher deve dar conta de tudo: cuidar dos filhos e da casa, manter a carreira ativa, cultivar um estilo de vida saudável e ainda atender aos padrões estéticos. Esse modelo idealizado sobrecarrega as mães e desconsidera suas necessidades concretas.
A realidade é que, no Brasil, muitas mulheres enfrentam jornadas exaustivas. De acordo com uma pesquisa divulgada pelo IBGE, em 2022, as mulheres brasileiras dedicam, em média, 21,3 horas semanais a trabalhos não remunerados, enquanto os homens dedicam 11,7 horas. Isso representa uma diferença de 9,6 horas por semana a mais para as mulheres. Essa carga inclui cuidados com os filhos, tarefas domésticas e outras responsabilidades invisíveis.
A pressão constante e o esgotamento físico e emocional resultantes deste cenário já impactam diretamente a saúde mental materna. E quanto mais elas buscam corresponder a expectativas inalcançáveis, mais intensos se tornam esses efeitos.
Não por acaso, as mulheres estão entre as mais afetadas por desequilíbrios emocionais e transtornos mentais. De acordo com o relatório “Esgotadas”, desenvolvido pela ONG Think Olga, em 2023, 45% das mulheres brasileiras entre 18 e 65 anos relataram ter um diagnóstico de ansiedade, depressão ou outros transtornos mentais no contexto pós-pandemia de COVID-19.
A cobrança excessiva gera frustração, culpa e baixa autoestima. Esse ciclo, sustentado por crenças sociais profundamente enraizadas, muitas vezes impede que essas mães busquem ajuda — quando essa ajuda existe.
Neste dia das mães, vá além das flores!
Ofereça apoio real:
- Divida de forma justa as tarefas domésticas;
- Reconheça as necessidades e desejos de cada mulher para além da maternidade;
- Entenda que ninguém dá conta de tudo — é preciso abrir espaço para escolhas e reduzir cobranças;
- Acolha mais e julgue menos. Lembre-se que, embora não pareça, mães não são perfeitas;
- Não imponha padrões ou generalize. Cada mãe tem sua visão de mundo, seu ritmo, suas habilidades e limitações;
- Questione e desconstrua crenças sociais que reforçam a idealização da maternidade;
- Esteja atento aos sinais de sofrimento e incentive a busca por ajuda profissional.