Medo, incertezas e isolamento. Todos nós enfrentamos as consequências da pandemia e, nesse contexto, ficou mais fácil reconhecer a importância da saúde mental. Segundo pesquisa do Ministério da Saúde, 86,5% dos entrevistados afirmaram lidar com ansiedade, 45,5% com estresse pós-traumático e 16% com depressão. Além disso, dados do Google Brasil mostram que termos como “o que é depressão” e “como tratar a ansiedade” continuaram entre os mais buscados em 2021. Diante desse cenário, questões relacionadas à saúde mental e estigmas também ganharam mais visibilidade, reforçando a necessidade de diálogos abertos, acolhedores e informativos sobre o tema.
O que é estigma?
A palavra “estigma” vem do latim stigma e se relaciona com marcas e cicatrizes deixadas por feridas profundas. Na Grécia antiga, era comum marcar escravos e criminosos com ferro em brasa para separá-los do restante da sociedade. A partir desse costume, nasceu o conceito de estigma como uma forma de segregação.
No campo da saúde mental, os estigmas surgem, muitas vezes, por causa de representações distorcidas sobre pessoas com transtornos mentais. Essas pessoas costumam ser associadas a comportamentos negativos, como a violência. Basta lembrar como jornais e programas de TV exploram crimes cometidos por indivíduos com alguma condição psiquiátrica. Com certeza, só de mencionar, alguns personagens de novelas ou notícias já vêm à sua mente.
Desse modo, a mídia reforça a ideia de que pessoas com transtornos mentais são mais violentas e representam uma ameaça. Esses estereótipos alimentam o preconceito, que, por sua vez, se transforma em discriminação.
O estigma, portanto, funciona como uma marca social que desvaloriza quem recebe o diagnóstico. A pessoa passa a ser vista como perigosa, violenta ou simplesmente inferior. Muitas vezes, acaba sendo punida pela sua condição.
Como o estigma afeta?
Segundo levantamento da Associação Britânica de Saúde Mental, 9 em cada 10 pessoas com transtornos mentais sentem que o estigma afeta negativamente suas vidas. Ele também pode agravar os sintomas e dificultar tanto a recuperação, quanto a busca por ajuda.
Na maioria das vezes, o estigma aparece de forma sutil. Mas também há quem use palavras ofensivas ou diminua quem enfrenta um transtorno. Os impactos psicológicos são profundos: baixa autoestima, crenças negativas sobre si mesmo, vergonha, desesperança, isolamento e dificuldade para conseguir emprego.
A vergonha, principalmente, faz com que muitas pessoas adiem a busca por ajuda. Porém, quanto mais demorada for essa procura, menores as chances de um tratamento eficaz. O silêncio não apenas piora o quadro de quem sofre, como também fortalece o preconceito e a discriminação.
Como combater os estigmas ligados à saúde mental?
Existem muitas formas de combater o estigma associado aos transtornos mentais. Para isso, é preciso envolver toda a sociedade e utilizar diferentes estratégias.
A conscientização é sempre o primeiro passo. Criar espaços de diálogo sincero sobre saúde mental ajuda a educar, sensibilizar e ampliar a tolerância. Além disso, o contato direto com pessoas que convivem com transtornos mentais pode reduzir o preconceito e fortalecer a autoestima de quem vive essa realidade.
Programas educacionais em escolas e empresas são bons caminhos para disseminar informação e combater estigmas em ambientes coletivos. Nas escolas, é importante incluir tanto os alunos quanto os educadores nesse processo. Isso fortalece a construção de espaços mais inclusivos e acolhedores.
A informação, aliada à prática, faz com que alunos e professores revejam atitudes e tornem o ambiente escolar mais empático com quem enfrenta questões de saúde mental.
A internet também pode contribuir muito nessa luta. Fóruns anônimos, blogs e sites confiáveis — como o do Instituto Ame Sua Mente — ajudam a espalhar informação e diminuir o peso dos estigmas. No entanto, o ambiente online também pode reforçar preconceitos, se não for usado com cuidado.
Existe um longo caminho para que os estigmas relacionados aos transtornos mentais sejam eliminados. Porém, esse é um movimento que vem aumentando. Falar sobre saúde mental é necessário, mas agir em prol de uma sociedade mais acolhedora e mais tolerante é algo urgente.
Gostou de saber mais sobre estigmas e saúde mental? Confira também nossa ficha informativa sobre o tema!