Aviso importante: este conteúdo aborda temas sensíveis relacionados a sintomas de depressão. Ao longo do texto, são mencionados sofrimento emocional, sinais depressivos e pensamentos associados à morte.
Por isso, caso você esteja em risco, busque ajuda imediatamente.
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Em situações de urgência, acione o SAMU (192) ou, se possível, dirija-se ao serviço de emergência mais próximo.
A depressão é um transtorno mental comum e possui diferentes possibilidades de cuidado. No entanto, muitos casos evoluem silenciosamente. Como consequência, o impacto da doença aumenta e a efetividade do tratamento diminui. Dessa forma, o conhecimento dos sintomas de depressão é essencial para reduzir estigmas e reconhecer sinais de alerta.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2023), mais de 300 milhões de pessoas vivem com depressão no mundo. Já no Brasil, esse transtorno é uma das principais causas de incapacidade, afetando pessoas de todas as idades, especialmente adolescentes e jovens adultos.
Como a depressão afeta o corpo e a mente?
A depressão altera emoções, pensamentos, comportamento bem como a saúde integral. Isso acontece porque, na prática, o sofrimento emocional eventualmente modifica importantes mecanismos biológicos: sono, energia, imunidade, digestão e até a percepção da dor física.
Por essa razão, muitos pacientes relatam cansaço, dores, tensão muscular e alterações no apetite. Além disso, diferente de uma tristeza passageira, a depressão modifica o modo como a pessoa se sente, percebe o mundo e se relaciona com ele.
Os sintomas geralmente surgem de forma gradual, mudando a rotina e o bem-estar. Por isso, é muito importante observar alterações no humor, no corpo e no comportamento.
A seguir, apresentamos 14 sintomas que merecem atenção e cuidado. Por fim, vale lembrar que cada pessoa vive esses efeitos à sua maneira, e a avaliação de um profissional é essencial para orientar o tratamento.
14 Sintomas da depressão
1. Tristeza persistente
A tristeza faz parte da vida. Entretanto, na depressão o sentimento se torna intenso e contínuo. Ou seja, em vez de diminuir com o tempo, ele permanece na maior parte do dia por semanas, interferindo no bem-estar e na rotina.
Também é importante destacar que pesquisas apontam esse humor deprimido como um dos sinais mais frequentes do transtorno depressivo maior. Na maioria das vezes, ele surge como sofrimento emocional, sensação de vazio ou perda de esperança. Para ilustrar, vários pacientes descrevem como se “a vida perdesse a cor”, mesmo sem um motivo específico.
2. Perda de interesse ou prazer
A depressão pode reduzir o interesse por atividades antes prazerosas. Em muitos casos, ler, encontrar amigos ou praticar um hobby passam a ser indiferentes.
Esse fenômeno chama-se anedonia e é considerado critério central da depressão (APA, 2022). Isso acontece porque mudanças nos circuitos de recompensa do cérebro afetam diretamente a motivação e o prazer.
3. Cansaço intenso
Em geral, quem vive com depressão sente uma fadiga profunda, mesmo após tarefas simples. Esse quadro está relacionado à forma como a depressão impacta os sistemas ligados à energia, ao sono e ao estresse. Esses desequilíbrios alteram hormônios e ritmos corporais que influenciam a disposição (NIH, 2023). Na prática, isso se traduz em acordar exausto e ter dificuldade para iniciar atividades.
4. Mudanças no sono
A depressão também costuma modificar a qualidade do sono. Muitas vezes, as pessoas enfrentam insônia, enquanto outras dormem demais, mas ainda assim acordam cansadas. Apesar disso, em ambos os quadros, o transtorno interfere nos ritmos biológicos e nos hormônios que regulam o sono, como melatonina e cortisol (NIH, 2023).
5. Alterações no apetite ou no peso
A depressão pode causar tanto perda quanto aumento do apetite. Esse quadro se deve ao fato de o transtorno desregular hormônios relacionados à fome e ao prazer de comer (NIH, 2023; APA, 2022). Por essa razão, entre os sintomas da depressão, é comum perceber:
Pouca fome ou refeições negligenciadas;
Mais fome, especialmente por alimentos de conforto;
Mudanças no ritmo alimentar, como longos intervalos sem comer ou episódios de compulsão;
Variações de peso em poucas semanas.
6.Culpa excessiva
Outro sinal bastante observado na depressão é a autoculpabilização. Em outras palavras, a pessoa passa a se responsabilizar por todos os problemas, mesmo quando não é culpada ou quando esses problemas não estão sob seu controle.
Por consequência, pequenos erros parecem grandes falhas e comentários inofensivos se transformam em críticas dolorosas. Nesse processo, a culpa funciona conforme uma lente que distorce a percepção da própria capacidade.
7. Pensamentos de desvalorização
A depressão ainda afeta a autoestima e distorce a autoimagem. Dessa forma, autocríticas como “não sou suficiente”, “sou um peso” ou “não faço nada direito” tornam-se frequentes. Além disso, esses pensamentos não refletem a realidade. Na verdade, eles são manifestações do transtorno.
8. Irritabilidade e oscilações emocionais
A irritabilidade é comum, especialmente em jovens. Frequentemente, mudanças bruscas de humor, impaciência e explosões emocionais podem indicar sofrimento emocional não verbalizado. Por isso, é tão importante observar alterações no padrão emocional. Neste sentido, prestar atenção a essas mudanças ajuda a identificar sinais que, muitas vezes, passam despercebidos no dia a dia.
9. Dificuldade de concentração
A depressão pode comprometer a memória, assim como a habilidade de tomada de decisão (NIH, 2023). Com isso, estudar, trabalhar ou realizar tarefas simples pode se tornar desafiador. Nesses casos, é frequente a pessoa descrever esse sintoma como “cabeça pesada” ou “mente confusa”.
10. Lentidão ou agitação psicomotora
Algumas pessoas apresentam lentidão, fala baixa e menor iniciativa. Por outro lado, parte dos indivíduos se torna inquieta: balança as pernas, anda de um lado para o outro ou mexe as mãos constantemente. De qualquer maneira, ambas as reações são respostas do corpo ao sofrimento.
11. Dores físicas sem causa aparente
A depressão, de modo geral, está associada a dores de cabeça, tensão muscular, dores nas costas e desconfortos gastrointestinais. No entanto, muitas vezes não há causa orgânica identificável (OMS, 2023). Mesmo assim, o corpo interpreta o sofrimento emocional como uma ameaça e reage com sintomas físicos.
12. Isolamento social
Outro sinal da depressão aparece quando a pessoa começa então a evitar encontros, mensagens, ligações e momentos de convivência. Na verdade, o afastamento funciona como uma tentativa de lidar com o cansaço emocional.
Ainda que, em um primeiro momento, o silêncio pareça mais fácil, o isolamento pode intensificar o sofrimento. Dessa forma, reconhecer esse movimento é fundamental tanto para oferecer ajuda como para buscar cuidado.
13. Desesperança
A falta de esperança é um dos sinais mais sensíveis da depressão. Nesse estado, a pessoa passa a acreditar que nada vai melhorar e que seus esforços não fazem diferença. Portanto, é comum deixar de ter expectativas, já que o futuro parece distante, — como se nunca fosse chegar.
Como resultado, esse pensamento reduz a motivação e dificulta pedir ajuda. Logo, é um sinal que merece atenção especial de familiares e amigos.
14. Pensamentos sobre morte
Pensamentos como “queria sumir”, “não vejo saída” bem como ideias mais estruturadas sobre morte exigem atenção urgente. Eles podem surgir de forma discreta e, justamente por isso, precisam ser acolhidos — nunca julgados. Além disso, esses sinais são eventualmente apenas a ponta do iceberg: atrás deles há uma pessoa em sofrimento profundo.
Por isso, diante desses pensamentos, entramos em alerta máximo. Nesse momento, é fundamental buscar ajuda imediatamente.
Confira também as causas e tratamentos da depressão!
Quando procurar ajuda
Para saber se esses sentimentos ou percepções realmente sinalizam um diagnóstico ou se são reações normais aos eventos do dia a dia, vale a pena considerar algumas questões. Por exemplo:
• Quando os sintomas da depressão durarem mais de duas semanas.
• Quando houver impacto na rotina, como no trabalho, nos estudos e nas relações.
• Se surgirem pensamentos sobre morte ou autolesão.
• Conquanto, quando o sofrimento passar a ser difícil de manejar sozinho.
Quer se aprofundar no tema?
Se você quer saber mais:
- Primeiramente, conheça o modelo CASEL, que apresenta cinco competências socioemocionais e mostra como aplicá-las no dia a dia da escola.
- Em seguida, no episódio do nosso audiobook, “O que é saúde mental?”.
- Por fim, aproveite para assistir à nossa live “Descomplicando a saúde mental na família”, pensada para pais e educadores que querem entender então, de forma clara e acessível, como cuidar da saúde emocional no dia a dia.
Referências
American Psychiatric Association. (2022). Practice guideline for the treatment of patients with major depressive disorder (3rd ed.).
Ministério da Saúde. (2023). Depressão. GOV.BR Saúde. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-z/d/depressao
National Institute of Mental Health. (2022). Depression. NIH.
National Institutes of Health. (2023). Depressive Disorder (Major Depression). In StatPearls. NCBI Bookshelf. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK430847/
World Health Organization. (2023). Depression. OMS.
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