Lidar com questões de saúde mental é um desafio para qualquer pessoa. Descubra dicas para quem mora sozinho e convive com a depressão sem ter o apoio de alguém próximo.
A depressão é conhecida por ser um transtorno multifatorial que afeta não apenas o psicológico como também a nossa capacidade de planejar, se organizar e realizar tarefas cotidianas. Quem convive com o transtorno, ou conhece alguém que lida com ele, sabe que a falta de energia e a sensação de fadiga são sintomas comuns.
Em alguns dias em que tudo parece sem graça ou cinza, ter a chance de contar com alguém para ajudar nas atividades de casa, ou mesmo fazer uma simples xícara de chá, pode ajudar bastante. Porém, mesmo em uma vida solo, saiba que existem formas de enfrentar a depressão. Veja 4 dicas para quem mora sozinho e convive com a depressão.
Morar sozinho afeta a nossa saúde mental?
Assim como em muitos lugares do mundo, é cada vez maior o número de pessoas vivendo sozinhas no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, cerca de 11,7 milhões de brasileiros vivem só. Isso representa 16,2% dos lares do país.
Segundo o levantamento, desde 2016, esse é um dos maiores índices de domicílios com apenas uma pessoa. O dado aponta uma mudança de perfil, especialmente entre os jovens. Antigamente, sair da casa dos pais era, muitas vezes, sinônimo de casamento. Porém, hoje, muitos deixam a família mais cedo. Soma-se a isso o aumento das separações, o que também contribui para o crescimento de pessoas morando sozinhas. Mas será que viver só pode afetar a saúde mental?
Um estudo feito no Reino Unido sugere que, sim. De acordo com os dados, pessoas que vivem sozinhas tendem a apresentar níveis mais altos de ansiedade e menores graus de felicidade. No entanto, ainda não se sabe se essas evidências são resultado de se viver só.
De toda forma, a pandemia nos mostrou que o isolamento excessivo não faz bem para a nossa mente, mesmo no caso dos introvertidos. A falta de contato interpessoal pode causar mais ansiedade, estresse e também acentuar os sintomas de quem está enfrentando um quadro depressivo. O cultivo de relacionamentos saudáveis é essencial para qualquer indivíduo, pois além do apoio em questões práticas, o contato com outras pessoas auxilia no suporte emocional.
Morar sozinho com a depressão
Viver só tem suas vantagens. Dá pra lavar a louça quando quiser, comer só quando bater a fome e montar sua própria rotina. Mas junto com a liberdade vem também muita responsabilidade. Se você não lavar a louça, não terá pratos limpos. Se não fizer compras, vai faltar comida na hora em que a fome apertar.
A depressão, por sua vez, é um transtorno que afeta o nosso funcionamento. Ela prejudica a chamada função executiva — que organiza e coordena nossas ações. Isso impacta diretamente na capacidade de planejar tarefas, manter a rotina e realizar atividades simples. É por isso que tantas pessoas com depressão relatam cansaço constante e falta de energia.
Assim, morar sozinho e conviver com a depressão pode ser um desafio. Mas não é impossível. A solidão, nesse caso, pode aumentar o desejo de isolamento — o que tende a piorar os sintomas. Por isso, saber pedir ajuda é fundamental. Em muitos casos, esse é o primeiro passo para a recuperação.
Dicas para quem vive só e enfrenta a depressão
Se você mora sozinho e convive com a depressão, existem caminhos para tornar a rotina mais leve. Confira algumas estratégias:
1. Crie uma rede de apoio
Falar com pessoas próximas pode fazer toda a diferença. Explique o que está acontecendo. Amigos, vizinhos ou familiares podem perceber sinais de piora — como isolamento extremo, desorganização da casa ou perda de apetite — e te apoiar nesses momentos.
Quanto mais cedo identificamos sinais de sofrimento mental, mais eficaz pode ser o tratamento. Além do suporte emocional, pessoas próximas também podem ajudar nas tarefas do dia a dia. E, o mais importante: sentir-se acolhido fortalece o senso de pertencimento.
2. Planeje os dias difíceis
A depressão afeta algumas funções executivas e cognitivas do nosso cérebro, impedindo que a gente funcione normalmente. Por isso, vale a pena se antecipar. Deixe refeições congeladas, mantenha em casa alimentos práticos, como frutas e barrinhas. Isso ajuda quando o apetite diminui ou a energia está em baixa.
Também é importante pensar em estratégias para os dias ruins. Um filme que te acalme, uma caminhada, um banho quente, uma meditação guiada. São pequenas atitudes que podem te ajudar a passar por esses momentos com mais leveza.
3. Mantenha uma rotina
Um dos maiores problemas para quem vive só e convive com a depressão é que os maus hábitos podem se “infiltrar” na rotina, agravando o quadro. Trocar o dia pela noite, ficar vendo séries até tarde, não praticar exercícios físicos são hábitos ruins que também prejudicam a recuperação e a redução dos sintomas. Por isso, é fundamental manter uma rotina controlada com horários para acordar, dormir, comer, praticar esportes e cuidar da higiene pessoal. Esses pequenos rituais ajudam a manter a estabilidade emocional.
Outra questão importante é a tendencia ao isolamento. Lembre-se que ninguém é uma ilha. Todos nós precisamos de contato, troca, diálogo e acolhimento. Além disso, o isolamento excessivo contribui para a piora dos sintomas. Morar sozinho pode ser bom. Para quem convive com a depressão é essencial fortalecer vínculos e buscar ajuda profissional sempre que necessário.