Quem imaginaria que um dia seria possível fazer quase tudo pelo celular? Ler livros, assistir a filmes, comprar roupas ou até fazer o mercado do mês. Com esse pequeno aparelho, somos capazes de reservar nossa próxima viagem, começar um novo curso e até nos candidatar a uma vaga de emprego. Isso sem mencionar que, através do celular, podemos nos conectar a inúmeras pessoas. Os smartphones estão tão presentes em nossas vidas que fica cada vez mais difícil desgrudar deles. O mesmo acontece com as outras telas… Afinal, além dos celulares, tablets, laptops, computadores e TVs estão por toda parte e parecem nos hipnotizar.
Mas em meio a tantas facilidades, surge uma questão cada vez mais urgente: como fica a relação entre tecnologia e saúde da mente? Será que o uso excessivo de telas afeta nosso bem-estar emocional?
Excesso de tela na infância e adolescência
Ao contrário do que pensam muitos pais e responsáveis, o excesso de tela não é inofensivo. Segundo o Manual de Orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o uso prolongado pode causar uma série de impactos negativos. Estudos mostram, por exemplo, que bebês expostos passivamente às telas por longos períodos tendem a apresentar atraso no desenvolvimento da fala. Além disso, distúrbios do sono têm se tornado mais comuns entre os jovens, especialmente os que passam muito tempo em redes sociais.
As telas também influenciam o comportamento dos adolescentes. Muitos participam de desafios perigosos na internet ou tiram selfies em locais inseguros. Nessa fase da vida, é comum agir de forma impulsiva e buscar riscos, como a ciência já revelou. Mas alguns conteúdos disponíveis online podem incentivar comportamentos extremos, sem que os jovens percebam o perigo.
Outro ponto de atenção são as gratificações instantâneas. Segundo o Manual da SBP, os “likes” nas redes sociais e as pontuações dos jogos de videogame ativam o sistema de recompensas presente em nosso cérebro, gerando a ,liberação de dopamina. Para os adolescentes, esse mecanismo alivia o tédio, o estresse ou a tristeza.
No entanto, esse alívio imediato pode impedi-los de aprender a lidar com emoções difíceis. Assim, muitos acabam presos a um ciclo de dependência emocional e dificuldade de amadurecimento. A longo prazo, iesse mecanismo gera maior propensão ao desenvolvimento da depressão e da ansiedade. Por isso, supervisionar e limitar o tempo de tela é essencial. De acordo com a SBP, crianças devem ter no máximo 1 hora diária de tela. Para adolescentes, o limite recomendado é de até 2 horas por dia.
Efeitos das telas no sono
Muita gente segue grudada nas telas até a hora de dormir. Rolam o feed das redes sociais, assistem a vídeos ou leem textos online. Mas o que nem todos sabem é que a luz azul das telas afeta diretamente o sono. Essa luz reduz a produção de melatonina, hormônio responsável pela sensação de sonolência.
Com isso, fica mais difícil adormecer e descansar. A falta de sono afeta o corpo e a mente. É comum sentir cansaço durante o dia, ter dificuldade de concentração e problemas de memória. Além disso, a má qualidade do sono impacta o aprendizado e pode agravar quadros de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).
Por isso, é cada vez mais importante falar sobre higiene do sono. Desligar as telas pelo menos uma hora antes de dormir, criar um ambiente tranquilo e adotar hábitos relaxantes são medidas simples que ajudam a melhorar o descanso, mesmo em uma rotina acelerada.
As telas e a nossa autoestima
As redes sociais são um dos motivos que nos mantêm conectados por tanto tempo. Por um lado, elas podem sim apoiar a nossa saúde mental, facilitando o contato com familiares e amigos distantes, além de promover a socialização. Porém, também podem trazer efeitos negativos à saúde mental.
A comparação constante é um deles. Muitas pessoas compartilham apenas o lado positivo da vida. Isso pode gerar uma desconexão com a realidade e criar a ideia de que existe “a vida perfeita”. Esse tipo de comparação pode abalar a autoestima, aumentar a autocrítica e afetar a imagem corporal.
Embora alguns comparem o uso das redes a vícios como o cigarro ou o álcool, a maioria ainda vê como algo inofensivo. Mesmo assim, vale a pena refletir: se o uso das redes está afetando seu bem-estar ou sua rotina, talvez seja o momento de fazer uma pausa, revisar o que você consome ou limitar o tempo online.
Sem dúvida, em uma sociedade hiperconectada, fugir das telas é quase impossível. Mas avaliar o tempo de uso e praticar a autorresponsabilidade é essencial. Estabelecer limites saudáveis, cuidar do sono e manter o equilíbrio entre o digital e o real são atitudes que protegem nossa saúde mental.
Você passa muito tempo em frente às telas? Acha que chegou a hora de limitar? Que tal buscar atividades como ,meditação e mindfulness para se desconectar?