Saúde mental na era digital: os efeitos das redes sociais em crianças e jovens

A internet transformou a maneira como nos comunicamos, consumimos informação e nos relacionamos. No entanto, com esses avanços, surgiram também alertas sobre os impactos das redes sociais na saúde mental, especialmente entre crianças e adolescentes.

Pesquisas mostram uma relação direta entre o uso intenso de redes como Instagram, TikTok e Facebook e o aumento de casos de ansiedade e depressão entre jovens. Segundo Jonathan Haidt, psicólogo da Universidade de Nova York, a piora significativa na saúde mental dos adolescentes começou justamente a partir de 2010, quando as redes se popularizaram.

Essa vulnerabilidade tem explicação. Na adolescência, o cérebro ainda está em desenvolvimento, o que torna os jovens mais propensos a imitar comportamentos. Além disso, essa é uma fase de construção da identidade, durante a qual a busca por pertencimento é intensa. Dessa forma, as redes sociais acabam explorando essa necessidade.

Impactos do tempo de exposição nas redes sociais e saúde mental 

Outro ponto importante é o tempo de exposição às telas. Quanto maior ele é, maiores também são os impactos cognitivos e emocionais. Como resultado, observa-se queda na autoestima, dificuldades de atenção e aumento dos sintomas depressivos.

O cenário começa cedo. De acordo com um relatório do órgão regulador de comunicações do Reino Unido, 30% das crianças de 5 a 7 anos já usam redes sociais. Esse número sobe para 89% entre 12 e 15 anos. Mesmo antes da idade mínima permitida, muitos já têm perfis ativos — sendo que 62% do público com mais de 8 anos relatam ter uma conta conhecida pelos pais e outra restrita apenas a amigos. Ainda mais preocupante: 16% das crianças entre 3 e 4 anos já assistem a vídeos no TikTok.

Redes sociais e saúde mental na adolescência: efeitos devastadores

Já um estudo de pesquisadores do Reino Unido e da Holanda, publicado na revista Nature Communications, mostra como as redes sociais afetam a saúde mental dos adolescentes. Os efeitos aparecem mais cedo nas meninas – a partir dos 11 anos – enquanto nos meninos, eles surgem entre 14 e 15 anos.

A exposição contínua impacta a autoestima, a imagem corporal e a satisfação com a vida. Ou seja, o uso excessivo das mídias sociais pode comprometer de forma significativa o desenvolvimento emocional desses adolescentes.

Agressividade e extremismo nas redes sociais e a saúde mental dos jovens

Outro ponto preocupante é o ambiente de agressividade crescente nas redes. Discussões online, por exemplo, podem rapidamente se tornar hostis, já que o distanciamento físico e o anonimato potencializam o extremismo.

Segundo uma pesquisa da Unesco, grupos radicais utilizam a internet para atrair pessoas, divulgar conteúdo e abrir canais de diálogo com os jovens. Da mesma forma, a pesquisa Juventudes e Conexões confirma essa percepção: 58% dos jovens acreditam que a internet aumentou a agressividade e o extremismo, e 34% deixam de expressar opiniões online por medo de retaliações.

Cyberbullying: violência sem fronteiras 

O cyberbullying é mais um fator de risco que tem crescido significativamente. Trata-se de um comportamento repetido, com o objetivo de intimidar, humilhar ou ferir alguém por meio das tecnologias digitais.

De acordo com o relatório U-Report, do Unicef, um em cada três jovens já sofreu esse tipo de agressão. O dado mais grave: um a cada cinco abandonou a escola por causa disso.

Diante desse cenário, surgem iniciativas como a Internet Matters, no Reino Unido, que apoia pais e educadores na criação de ambientes digitais mais seguros para crianças e adolescentes.

Crianças, redes sociais e saúde mental: os efeitos da superexposição

Além dos efeitos sobre os adolescentes, há também uma preocupação crescente em relação à exposição de crianças nas redes, fenômeno conhecido como sharenting. Embora pareça inofensiva, essa prática — em que os próprios pais compartilham fotos e informações dos filhos — pode comprometer tanto a privacidade quanto a saúde emocional dos pequenos. Com o tempo, isso pode gerar necessidade constante de aprovação, baixa autoestima e ansiedade.

Além disso, essa superexposição coloca as crianças em situação de vulnerabilidade, abrindo espaço para o cyberbullying e até para o aliciamento. Por isso, combinar orientação, diálogo e limites é essencial para promover um uso mais saudável e responsável da tecnologia.

Como promover o uso saudável das redes sociais e saúde mental

  • Crie um ambiente aberto ao diálogo. Converse com frequência e não evite temas sensíveis. Assim, a criança ou adolescente aprende que o mundo online não representa fielmente a realidade.

  • Defina pausas, horários e regras claras. Essa prática ajuda, com o tempo, a construir uma rotina mais equilibrada e saudável.

  • Promova vivências fora da internet. Desconectar é fundamental para reduzir a centralidade das redes sociais. Atividades físicas e culturais mantêm as crianças ativas, curiosas e engajadas.

  • Dê o exemplo. Não adianta proibir o uso do celular à mesa e, ao mesmo tempo, checar mensagens durante as refeições. O comportamento dos adultos é a principal referência para os pequenos.

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