Você sabe o que são trantornos alimentares?

Os transtornos alimentares (TAs) afetam a forma como a pessoa se relaciona com a comida, com o corpo e com as próprias emoções. Quem enfrenta um TA costuma ter uma preocupação exagerada com o peso e a aparência. Isso, por sua vez, pode levar a atitudes extremas, como dietas radicais, uso de laxantes, consumo de medicamentos para emagrecer, excesso de exercícios e até mesmo a indução de vômitos.

Esses comportamentos trazem sérias consequências físicas, emocionais bem como sociais — principalmente para adolescentes e jovens adultos, que estão em uma fase de construção da identidade e, ao mesmo tempo, enfrentam pressões externas constantes.

Transtornos alimentares e a influência da sociedade no jeito de comer e de se ver

Além da explicação médica, é importante entender o impacto social dos transtornos alimentares. A cultura valoriza determinados corpos — geralmente magros e dentro de um padrão estético restrito — favorece o surgimento desses transtornos. Comentários maldosos, exclusão e bullying são comuns com quem não se encaixa nesse ideal. Isso pode afetar profundamente a autoestima e o bem-estar emocional, especialmente de mulheres, que ainda são mais cobradas em relação à aparência.i

Certamente, a cultura da magreza, construída ao longo da história, influencia tanto a forma como nos enxergamos quanto somos tratados. Por isso, é urgente rever conceitos que fazem parte do nosso imaginário coletivo. Precisamos não só combater falas e atitudes preconceituosas, como também acolher a diversidade corporal e valorizar também os aspectos comportamentais e socioemocionais.

 

Tipos de transtornos alimentares: 

1 – Anorexia Nervosa (AN)

Moça usando um top branco se olha no espelho e puxa a pele da parte debaixo do braço vendo sua magreza. Ela sofre de anoxeria. Um tipo de transtorno alimentarA anorexia nervosa é caracterizada pela restrição alimentar severa. Ou seja, a pessoa reduz drasticamente a quantidade de comida que consome — às vezes, por meses seguidos. Também pode haver episódios de compulsão seguidos de purgação (como vômitos induzidos ou uso de laxantes e diuréticos).

Em geral, esse transtorno costuma surgir cedo, entre os 12 e 15 anos, e é mais comum entre meninas. Os principais sinais incluem:

  • Restringir a alimentação por mais de três meses;

  • Sentir medo intenso de ganhar peso, ainda que o corpo esteja visivelmente magro;

  • Distorcer a própria imagem corporal — acreditar estar acima do peso mesmo em condição de magreza.

  • Problemas de saúde causados pela falta de nutrientes;
  • Irregularidades menstruais;

  • Negar a gravidade da situação.

 

2 – Bulimia Nervosa

Moça está apoiada no vaso sanitário. Ela segura os cabelos e veste camiseta preta e calça jeans. Ela sofre de transtorno alimentar como a bulimiaA bulimia nervosa (BN), por sua vez, costuma aparecer com mais frequência a partir dos 15 anos. Normalmente, a prevalência entre adolescentes varia entre 1% e 2%. Esse transtorno se caracteriza, em primeiro lugar, por episódios recorrentes de compulsão alimentar — ou seja, momentos em que a pessoa ingere grandes quantidades de comida em pouco tempo, sentindo que perdeu o controle.

Logo depois, a pessoa tenta compensar esse comportamento através de estratégias prejudiciais.. Entre as mais comuns estão o jejum prolongado, a indução de vômitos, a prática de exercícios físicos em excesso ou, ainda, o uso inadequado de medicamentos, bem como de laxantes ou diuréticos.

Assim, a bulimia envolve um ciclo sobretudo desgastante entre perda de controle e tentativas de compensação, o que afeta profundamente a saúde física e emocional.

Apesar das crises de compulsão, o peso da pessoa com bulimia geralmente permanece dentro da faixa considerada “normal”. Os principais sinais são:

  • Compulsões frequentes por mais de três meses;

  • Culpa e vergonha após comer;

  • Práticas compensatórias (vômitos, exercícios, jejum etc.);

  • Preocupação excessiva com o peso;

  • Oscilações de peso, mas sem emagrecimento extremo como na anorexia.

3 – Transtornos alimentares não especificados (TANEs)

Mulher come chocolate e biscoitos escondida. Ela sofre de transtornos alimentaresOs transtornos alimentares não especificados reúnem quadros que, embora graves, não atendem totalmente aos critérios da anorexia ou da bulimia. Ainda assim, causam sofrimento intenso e impactam a qualidade de vida.

Um exemplo é o transtorno de compulsão alimentar (TCA). Nesse caso, a pessoa consome grandes quantidades de comida em pouco tempo, mas não adota comportamentos compensatórios depois — como jejum, vômito ou uso de laxantes.

Além disso, estudos com crianças e adolescentes mostram que muitos transtornos alimentares aparecem de forma parcial ou subclínica. Em outras palavras, os sintomas estão presentes, mas não duram o tempo suficiente para fechar o diagnóstico completo ou então não preenchem todos os critérios formais.

Mesmo assim, os números impressionam: prevalência entre meninas varia de 2,8% a 6,6%, enquanto entre meninos fica entre 0,5% e 0,8%. Portanto, mesmo os casos que parecem menos evidentes exigem atenção e acompanhamento especializado, sobretudo na infância e na adolescência — fases marcadas por intensas transformações físicas, emocionais e sociais.

Vale reforçar: a obesidade é uma doença, porém não se enquadra como um transtorno alimentar.

Por que os transtornos alimentares acontecem?

Ao contrário do que muitos acreditam, os transtornos alimentares não são apenas uma escolha ou uma fase passageira. Eles surgem a partir de causas complexas, que envolvem fatores genéticos, psicológicos, familiares e sociais.


Fatores que aumentam o risco (vulnerabilidade):

  • Genética (presente em até 50% dos casos);

  • Traços de personalidade, como perfeccionismo ou ainda impulsividade;

  • Baixa autoestima;

  • Ambientes familiares ou escolares críticos assim como negligentes;

  • Pressões sociais, como, por exemplo, bullying ou comentários sobre o corpo feitos por figuras de autoridade.

Fatores que podem desencadear TAs

  • Mudanças corporais da puberdade;

  • Críticas sobre o corpo vindas de colegas, professores ou familiares;

  • Lutos, separações, mudança de cidade ou escola;

  • Rompimentos amorosos;

  • Pressão para emagrecer;

  • Brigas com colegas, desilusões amorosa;

  • Mudanças de cidade ou escola, perdas familiares;

Como identificar sinais de alerta?

A princípio, nossa cultura tende a normalizar a preocupação com dietas e aparência. No entanto, essa preocupação pode se transformar em um problema. Na maioria das vezes, a própria pessoa não reconhece que está doente. Por esse motivo, é importante observar alguns sinais que podem ajudar amigos, familiares e também educadores a identificar situações que exigem maior atenção.

Sinais que podem indicar anorexia:

  • Emagrecer continuamente, mesmo estando muito magra;

  • Falar constantemente sobre dietas, calorias e “alimentos proibidos”;

  • Ficar sem comer por longos períodos ou recusar a fazer refeições com outras pessoas;

  • Usar roupas largas para esconder o corpo;

  • Praticar de forma excessiva atividade física para perder peso;

  • Se pesar com frequência e se sentir “gordo”(a)  mesmo estando magro(a);

  • Irritabilidade, isolamento social e mudanças de humor.

Sinais que podem indicar bulimia:

  • Reagir a situações de estresse emocional comendo;
  • Ir ao banheiro logo após comer;
  • Alternar longos jejuns com episódios de compulsão;
  • Comer escondido, geralmente em horários alternativos;
  • Sentir que perdeu o controle sobre o que e quanto come;
  • Fazer compensações a fim de tentar eliminar o excesso de comida ingerida;
  • Manter o peso, apesar da grande ingestão de alimentos.

 

Quais os riscos e consequências dos transtornos alimentares? 

Os transtornos alimentares podem causar complicações físicas graves e, além disso, aumentar o risco de depressão, ansiedade e isolamento social. Por sua vez, quando são combinados com fatores ambientais, esses transtornos podem gerar consequências sérias, como, por exemplo, risco de morte por problemas físicos ou mesmo suicídio.

Possíveis consequências para a saúde:

  • Desnutrição e desidratação;

  • Alterações hormonais (interrupção da menstruação, infertilidade, atraso no crescimento);

  • Temperatura corporal abaixo do normal;
  • Problemas no coração

  • Distúrbios digestivos e metabólicos;

  • Perda de massa óssea, anemia, cáries e queda de cabelo;

  • Aparecimento de lanugo (penugem fina no rosto e no corpo);

  • Redução da temperatura corporal, convulsões, atrofia cerebral.

Esses quadros exigem atenção imediata.

Como tratar os transtornos alimentares?

O tratamento precoce costuma trazer bons resultados. Para isso, é fundamental que seja conduzido por uma equipe multidisciplinar, envolvendo psiquiatra, nutricionista e acompanhamento psicológico. Outra medida essencial é o apoio familiar, já que o suporte emocional e prático pode fazer toda a diferença na recuperação.

Além disso, mesmo em casos considerados “leves”, o acompanhamento por especialistas em transtornos alimentares é indispensável. Isso porque, ele não só ajuda a evitar o agravamento do problema, mas também aumenta significativamente as chances de recuperação.

Como esses transtornos apresentam evolução variável, é natural que uma pessoa transite entre diferentes quadros ao longo da vida — por exemplo, da anorexia para a bulimia e vice-versa. Também pode ocorrer a progressão de casos mais leves para mais graves, o que reforça a importância de tratar qualquer situação com seriedade, por mais branda que pareça.

Portanto, qualquer sinal de alerta deve ser levado a sério desde o início. Quanto mais cedo houver uma intervenção adequada, maiores serão as chances de evitar complicações e, consequentemente, promover uma recuperação mais efetiva e duradoura.

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