É comum direcionarmos nossa energia para grandes objetivos. Afinal, grandes conquistas costumam vir acompanhadas de reconhecimento, e isso nos faz sentir bem-sucedidos. Esses marcos, claro, são importantes. Mas, e as pequenas vitórias? Será que elas são menos relevantes?

Embora a maioria das pessoas não consiga dar importância para as pequenas vitórias, elas são essenciais não apenas na conquista dos objetivos maiores, como também na manutenção da nossa saúde mental.

 

O que são pequenas vitórias?

Frequentemente, não nos damos conta, mas elas estão por toda parte. E essa é justamente a grande força das pequenas vitórias: elas podem surgir nos detalhes do dia a dia. Faça um exercício simples. Pense na sua semana, ou até mesmo no seu dia. Agora, liste tudo o que você conseguiu fazer. Não precisa ser nada extraordinário — só o que contribuiu, de algum modo, para o seu bem-estar ou produtividade.

Alguns exemplos:

  • Arrumar a cama e deixar o quarto mais organizado;

  • Beber água e manter-se hidratado;

  • Sentir gratidão por ter comida na geladeira;

  • Cumprir o trabalho do dia;

  • Meditar por alguns minutos;

  • Fazer qualquer exercício físico, mesmo que leve;

  • Conversar com alguém sobre como está se sentindo;

  • Ler algumas páginas de um livro;

  • Reduzir o tempo de tela;

  • Olhar-se no espelho e reconhecer algo que gosta em si;

  • Levantar um pouco mais cedo;

  • Ajudar alguém em uma tarefa;

  • Doar alimentos que você não irá consumir;

  • Fazer um plano de alimentação.

Enfim, a lista de pequenas vitórias é infinita.  Porém, por não trazerem satisfação imediata, essas ações cotidianas muitas vezes são negligenciadas.

Nosso cérebro funciona com mecanismos de recompensa. Dessa forma, quando realizamos algo que percebemos como positivo, liberamos dopamina — o hormônio do prazer. O problema é que o automatismo do dia a dia pode amortecer essa sensação. Por isso, mais do que fazer, é importante reconhecer as pequenas vitórias como conquistas. Se passamos a vida esperando por grandes feitos para nos sentirmos realizados, corremos o risco de nunca nos sentirmos plenamente satisfeitos.

No livro As coisas que você só vê quando desacelera, o autor Haemin Sunim nos convida justamente a diminuir o ritmo, acalmar os pensamentos e perceber o valor das pequenas coisas. Segundo ele, “a forma como percebemos o mundo é um reflexo do que se passa em nossa mente. Quando nossa mente está alegre e compassiva, o mundo também está. Quando ela está repleta de pensamentos negativos, o mundo parece sombrio. E quando nossa mente descansa, o mundo faz o mesmo.”

 

Um dia de cada vez

Nossos hábitos têm impacto direto na saúde mental. Por isso, aprender a viver um dia de cada vez é essencial — especialmente quando lidamos com transtornos como ansiedade ou depressão.

Para imaginar como é necessário desacelerar e focar em nossas pequenas vitórias, pense em uma longa lista de tarefas. Só de olhar, é provável que você se sinta sobrecarregado. Nessas horas, escolher poucas prioridades e cumprir uma de cada vez pode fazer toda a diferença. Isso porque as pequenas vitórias nos dão fôlego para seguir em frente. Além disso, celebrar essas conquistas nos deixa mais motivados e com mais energia para enfrentar desafios maiores. Afinal, são elas que sustentam nossa jornada.

É claro que, em casos de sofrimento psíquico intenso, como em um transtorno mental, reconhecer essas vitórias pode parecer mais difícil. Mas encontrar momentos para aliviar a mente — como ler, meditar, conversar com alguém ou praticar uma atividade prazerosa — pode abrir espaço para enxergar esses avanços com mais clareza.

A celebração de pequenas conquistas nos deixa entusiasmados e felizes. Então, por que não identificar uma abundância de coisas para celebrar em nossas vidas? Ao final, são as pequenas vitórias que nos mantêm motivados para enfrentar os maiores desafios.

 

Pequenas vitórias e positividade tóxica

Vivemos em um tempo em que ser feliz virou quase uma obrigação. A influência das redes sociais reforça essa ideia e muitas pessoas se sentem pressionadas a aparentar bem-estar o tempo todo.

Aqui, vale um alerta: reconhecer pequenas vitórias não é o mesmo que forçar um pensamento positivo. Não se trata de “dourar a pílula” ou transformar qualquer coisa em algo grandioso. A diferença entre reconhecer as pequenas vitórias e entrar em um ciclo de positividade tóxica está justamente em identificar o que é projeção versus o que é real.

O ponto é simplesmente observar o que acontece no presente, reconhecer o valor do que foi feito e entender que isso, mesmo que pequeno, tem impacto. Ou seja, em vez de buscar a perfeição ou esperar grandes marcos, que tal acolher o que já está aí? A pequena vitória de hoje pode ser a base da grande conquista de amanhã.

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