Você já reparou que, muitas vezes, só falamos sobre saúde mental quando ela está relacionada a algum problema? No entanto, saúde mental não significa apenas ausência de doenças. Pelo contrário, trata-se de um estado dinâmico, que envolve sentir, pensar e agir diante dos desafios do dia a dia.
Só para se ter uma ideia, a saúde mental atravessa todos os aspectos da nossa vida. Em outras palavras, ela influencia o equilíbrio emocional, a forma de lidar com o estresse e a construção da autoestima. Ela também impacta as relações, o desempenho nos estudos e no trabalho. Além disso, interfere nas decisões, na adaptação a mudanças e até na manutenção de hábitos saudáveis. Portanto, cuidar da mente não é um luxo, mas uma necessidade.
Saúde mental e competências socioemocionais
Todas as emoções — agradáveis ou não — fazem parte da experiência humana e cumprem um papel adaptativo. Porém, a expectativa de estar sempre feliz, somada à tendência de negar os próprios sentimentos, costuma gerar frustração.
Por isso, o segredo para não cair nessa armadilha é, primeiramente, reconhecer, aceitar e lidar com as emoções mais difíceis. Dessa forma, abrimos caminho para um maior equilíbrio mental.
Neste sentido, as competências socioemocionais são fundamentais. Isso porque, além de ajudarem a conviver com os diferentes estados emocionais, elas também contribuem para superar desafios e favorecem as relações sociais.
Se você quer saber mais sobre competências socioemocionais, acompanhe o videocast #24 sobre o tema ou acesse nosso Manual de Aprendizagem Socioemocional.
Cérebro e saúde mental: como estão conectados
O cérebro é uma rede formada por bilhões de neurônios que se comunicam por impulsos elétricos e neurotransmissores. Mas, esse funcionamento complexo não ocorre isoladamente. Isto é, sempre que regula pensamentos e comportamentos, o cérebro sofre influência não só de fatores biológicos, como também de elementos ambientais.
Além disso, graças à sua neuroplasticidade, o cérebro tem a capacidade de se reorganizar e criar novos caminhos, seja por meio da psicoterapia, da adoção de hábitos saudáveis ou, ainda, pelo uso de medicamentos, quando necessário.
Fatores de proteção: cuidados básicos
Cuidar da mente exige consistência e atenção diária. Assim, para prevenir problemas ou apoiar o tratamento, comece pelo básico. Isso significa manter hábitos regulares, como por exemplo:
- Sono: mantenha horários fixos e evite telas antes de dormir, já que elas atrapalham o descanso. Além disso, para equilibrar o bem-estar ao longo do dia, aproveite a luz da manhã.
- Movimento: caminhe, alongue-se, dance ou pratique esportes, pois o corpo em ação libera neurotransmissores que regulam o humor.
- Alimentação: planeje suas refeições, lembrando que intestino e cérebro estão diretamente conectados.
- Conexões humanas: reserve tempo para estar com pessoas que você gosta.
- Vínculos de confiança: pratique tanto a escuta quanto conversas honestas.
- Pausas e lazer: inclua arte, música e leitura na sua rotina. Também, reserve momentos de contato com a natureza, uma fonte poderosa de bem-estar e equilíbrio.
- Limites digitais: reduza notificações e crie períodos offline. Dessa maneira, você garante espaço para o descanso e a atenção plena.
Quer saber mais sobre hábitos protetivos:
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Como prevenir transtornos mentais?
Como metade dos transtornos mentais costuma apresentar os primeiros sinais já na infância ou na adolescência, é primordial cuidar da saúde mental desde cedo.
Ao mesmo tempo, é importante entender o conceito de espectro, já que a saúde mental não é algo fixo. Na verdade, ela se manifesta ao longo de uma linha que vai da plena saúde até a presença de um transtorno. Para facilitar essa compreensão, veja o esquema abaixo:
1
Tristeza, ansiedade, medo, tensão.
Sofrimento: leve
Impacto: pequeno, proporcional
Duração: curta
2
Insônia, irritabilidade, tensão, medo.
Sofrimento: moderado
Impacto: moderado
Duração: média, autolimitada
3
Sintomas repetitivos, incapacidade de superação.
Sofrimento: grande
Impacto: grande
Duração: prolongada
Quer saber mais sobre “O que é Saúde Mental?”, acesse a nossa ficha informativa.
Além de compreender esse funcionamento, também é necessário lembrar que a saúde mental está diretamente ligada ao bem-estar no dia a dia. Por essa razão, observar os sinais de que algo não vai bem faz toda a diferença. E, se eles durarem semanas ou começarem a atrapalhar a rotina, é hora de buscar ajuda profissional.
Pensando nisso, reunimos alguns dos sinais que podem indicar sofrimento emocional — seja em você ou em alguém próximo:
- Sono irregular, fadiga constante, dores de cabeça e tensão muscular;
- Esquecimentos, dificuldade de concentração e queda de rendimento;
- Irritabilidade e explosões de raiva;
- Isolamento, apatia, perda de interesse;
- Alterações de apetite e peso;
- Desesperança ou pensamentos de morte.
Saúde mental em números
A saúde mental é um dos maiores desafios da nossa época. De fato, o ritmo acelerado da vida, o excesso de telas, a pressão por produtividade, a instabilidade econômica e formas de intolerância — como bullying, preconceito e racismo — tornam o cenário ainda mais grave.
Ansiedade:
O Brasil lidera o ranking global, com mais de 18 milhões de pessoas afetadas — aproximadamente 9,3% da população.
Depressão:
5,8% da população brasileira — cerca de 11,5 milhões de pessoas — sofre de depressão, registrando assim, o maior índice da América Latina.
Afastamentos do trabalho:
Para ilustrar, em 2024 os afastamentos laborais alcançaram o maior nível da última década, com um aumento de 67% em comparação a 2023, totalizando quase meio milhão de licenças.
Classificação global:
Atualmente, o Brasil ocupa a 4ª pior colocação no ranking mundial de saúde mental. Cerca de 34% da população relata estresse e dificuldades emocionais. Entre esses indivíduos, os jovens com menos de 35 anos aparecem como os mais impactados, evidenciando uma geração particularmente vulnerável.
Saúde mental infantojuvenil
Um em cada sete jovens, entre 10 e 19 anos, convive com algum transtorno mental. Entre esses casos, os mais comuns são depressão, ansiedade, TDAH e TOD. Para completar, no Brasil, pela primeira vez, a ansiedade entre crianças e adolescentes ultrapassou a registrada em adultos.
Outro dado preocupante diz respeito às taxas de suicídio que indicam uma crescente vulnerabilidade. Para se ter uma ideia, entre 2011 e 2022, houve um aumento médio de 6% ao ano, enquanto as notificações de autolesões entre jovens de 10 a 24 anos cresceram ainda mais, cerca de 29% ao ano no mesmo período.
Diante deste contexto, é fundamental que família, escola e sociedade trabalhem juntos a fim de oferecer acolhimento. Neste sentido, quanto mais cedo o apoio chegar, maiores são as chances de promover qualidade de vida e desenvolvimento saudável.
Saúde mental e estigma
O estigma continua sendo um dos maiores obstáculos à saúde mental, visto que ainda afasta muitas pessoas do acompanhamento profissional. Além disso, segundo dados da OMS, a falta de informação, as dificuldades de acesso e outras barreiras sociais contribuem para que cerca de 85% dos transtornos mentais não recebam tratamento. Como resultado, o diagnóstico costuma atrasar, em média, oito anos.
De toda forma, é importante lembrar que transtornos mentais não são fraqueza nem drama. Pelo contrário, são condições que envolvem alterações no funcionamento cerebral e, consequentemente, podem comprometer tanto habilidades cognitivas quanto emocionais. Além disso, esses quadros possuem causas diversas, dado que resultam da combinação de fatores genéticos, sociais e comportamentais.
Acesse nossa ficha informativa para entender a diferença entre estigma, preconceito e discriminação.
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