Relação entre mente e alimentação
É comum ouvirmos falar na separação entre corpo, cérebro e mente. No entanto, essa divisão não existe na prática. Nosso corpo funciona como um sistema sofisticado e completamente integrado. Compreender essa integração é essencial, pois permite alcançar níveis mais profundos de autoconhecimento e autocuidado.

Uma das conexões mais diretas ocorre entre o intestino e o cérebro. É no intestino que ficam células nervosas — os neurônios — responsáveis pela produção de diversos neurotransmissores. Entre eles, destaca-se a serotonina, substância associada aos sentimentos de bem-estar e satisfação. Segundo pesquisas, cerca de 90% da serotonina é produzida no intestino. Além disso, a flora intestinal — formada por colônias de bactérias — também exerce um impacto direto sobre a nossa saúde física e mental.

Essa comunicação entre intestino e cérebro funciona como uma via de mão dupla. Assim, muitas emoções provocam, de forma automática, sensações físicas no sistema digestivo. Isso acontece, por exemplo, quando sentimos “borboletas no estômago” ou dor de barriga diante de alguma ansiedade.

Por isso, cuidar dessa integração exige atenção ao que colocamos no prato. Os alimentos não apenas regulam o funcionamento do sistema digestivo, como também influenciam o cérebro e o estado psicológico. Embora não existam alimentos milagrosos, entender como nos nutrimos ajuda a perceber como vivemos e sentimos. A seguir, veja alguns mitos sobre alimentação — mas cuidado com as expectativas: as respostas costumam apontar para soluções simples.

Mito 1: Existe uma alimentação ideal? 

Um dos mitos mais comuns é acreditar que existe um alimento capaz de garantir saúde e longevidade. Contudo, quando o assunto é alimentação saudável, também vale a lógica do equilíbrio. Nenhum alimento isolado é herói ou vilão. É claro que há itens prejudiciais, como frituras, ultraprocessados e refrigerantes. Se consumidos todos os dias, esses alimentos impactam negativamente o corpo e a mente.

Mito 2: Dietas radicais funcionam a longo prazo

Outro equívoco é confiar em dietas restritivas. Além de geralmente pobres em nutrientes, elas não se sustentam com o passar do tempo. Ou seja, o bem-estar físico e mental depende da combinação dos alimentos ao longo dos dias, meses e anos. Por isso, cultivar hábitos equilibrados é mais eficaz do que seguir regras rígidas. Nesse processo, prazer, flexibilidade e momentos de descontração também são fundamentais para a saúde mental.

Alimentação variada, mente equilibrada

Uma revisão publicada no World Journal of Psychiatry, em 2018, identificou alimentos com potencial para prevenir — e até ajudar a tratar — transtornos depressivos. Dentre eles, os de origem vegetal representaram 86% do total. Hortaliças, frutas, legumes, grãos, nozes, castanhas e sementes compõem esse grupo. Portanto, adotar um padrão alimentar rico nesses itens pode beneficiar tanto o corpo quanto a mente.

Outro exemplo é a dieta mediterrânea. Bastante estudada, ela traz resultados positivos para a saúde mental. Seu foco está em alimentos naturais, frescos e sazonais. As refeições dispensam conservantes e incluem variedade de sabores e nutrientes. Entre os ingredientes mais usados estão frutas, verduras, cereais, leguminosas, oleaginosas, frutos do mar, azeite, além de pequenas quantidades de vinho, laticínios e carnes vermelhas em pequenas quantidades.

Esses alimentos oferecem nutrientes importantes para o funcionamento dos neurônios. Por exemplo, os ácidos graxos, como o ômega 3, favorecem a comunicação entre as células do sistema nervoso. Já proteínas, aminoácidos e vitaminas — como E, C, D e as do complexo B — participam da produção de serotonina e ajudam a controlar a inflamação. Em suma, incluir alimentos variados e naturais na rotina traz muitos benefícios. Ainda assim, é importante evitar exageros, pois o excesso calórico também prejudica a saúde física e mental.

 

 

Um passo de cada vez

Mudar a alimentação exige esforço no começo. Porém, esse investimento vale a pena, já que a comida é uma das bases para uma vida com mais saúde — inclusive no tratamento de transtornos como ansiedade e depressão. Por isso, a psiquiatria nutricional tem incluído a escolha dos alimentos como parte de planos terapêuticos complementares.

Apesar disso, é importante lembrar: os alimentos não substituem acompanhamento médico nem terapia. Em caso de necessidade, buscar ajuda profissional continua sendo essencial.

A mudança no cardápio requer um esforço inicial, mas vale muito a pena, dado que a alimentação é uma das bases fundamentais de uma boa qualidade de vida, inclusive para pacientes em tratamento de transtornos mentais, como depressão e ansiedade. Por essas razões, a relação entre mente e nutrição, com uma escolha específica de alimentos, tem sido proposta pela medicina psiquiátrica como um plano terapêutico complementar.

Por fim, é importante lembrar que os alimentos não substituem a terapia ou a busca por um médico quando necessário.

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